domingo, 5 de dezembro de 2010

Um país do tudo bem

   Na primeira semana de aula desse semestre foi apresentado um texto de nome 'O país do tudo bem', era um texto de duas páginas e que pelo tamanho tão pequenino das letras só de olhar me deu uma canseira... Mas como era por fins acadêmicos, comecei a ler, e vi que era interessante. Falava sobretudo do uso leviano das saudações; o 'como vai?' que 'espalhamos' por aí sempre que vemos alguém conhecido, omite-se da intenção prática - o saber como o outro está - e passa para uma mera trivialidade social. Mais ainda do que o 'como vai?', o 'tudo bem?' obriga uma resposta afirmativa. 'Tudo bom', é a resposta geral. Muitas vezes estamos passando por problemas, desde os financeiros até os amorosos, mas o emissor não está interessado em saber sobre seus infortúnios, apenas faz uso de uma repetição. Ninguém tem o direito de está mal, quem ousar responder 'não, não está tudo bem', será logo taxado de carrancudo e anti-social.
   Mais do que isso, acredito que 'o país do tudo bem' configura-se na omissão da sociedade perante os problemas; o achar que está tudo bem, abraçado com a velha idéia do 'jeitinho brasileiro', engana as pessoas de tal forma que acabamos por testemunhar uma população acomodada. E não digo isso querendo que todo mundo saia de suas casas pra fazer revolução, refiro-me ao comodismo ideológico, àquelas velhos ditados de que jovem não gosta de política, que o mundo está de cabeça para baixo e que os valores estão se perdendo.
   Retrato disso é a indústria cultural, tema já comentado no post Bevond Citizen Kane, assunto esse tão clichê, mas que agora foi atualizado, vestido na polêmica questão do controle midiático. É claro que não queremos que nossa imprensa seja censurada, sobretudo para nós, jornalistas (ou futuros), é indiscutível o caráter democrático que é a liberdade de expressão. Mas acredito que o debate proposto não é esse, não é o controle nem uma imposição ditatorial, e sim um questionamento sobre o domínio do poder midiático. Vemos em muitos de nossos estados um terrível monopólio da comunicação, apoiado pelos chamados 'coronéis', donos de canais de TV, emissoras de rádio, revistas, jornais, sites de notícias, etc, etc, etc... Será que essa é uma maneira interessante de se pensar na imprensa? 
   Já relatei brevemente aqui sobre o filme Cão de Briga no post Curto e Grosso: Sobre Cinema, foi pra mim indicado pela professora de 'Ética e Legislação na Comunicação' para que pudéssemos entender que sem liberdade não há idéia de responsabilidade. 'Cão de Briga' ratifica  que nossa posição como cidadãos está inerente a visão de mundo que nos foi imposta. Num país onde se implanta idéias que fomentam a omissão, não é de se espantar o estado social alheio no qual estamos.

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