sábado, 13 de dezembro de 2014

Porque a frase "O feminismo luta por igualdade" deve ser problematizada

Hoje compartilharei o texto de uma mina poderosa chamada Larissa De Luna, no qual é colocada em cheque a ideia de que o feminismo luta por igualdade. E vamos lá, sem mais delongas porque o texto dela já derruba vários forninho.
(Ahhh, e a ilustração - que eu achei maravilhosa - é de Vitor Teixeira)


"Muita gente quando entra pra valer no movimento se depara logo de cara com a perspectiva liberal. O feminismo parece mulheres nas ruas de mãos dadas a homens cantando We Are The World. As imagens compartilhadas no facebook são ilustrações que diziam que feminismo é a mulher ser igual ao homem. Esse feminismo fez, faz e sempre fara mulheres se sentirem no mundo da Disney. Lindo, ponderado, porém mentiroso.
Mas esse liberalismo dura até o dia em que você decide lutar de forma direta (já que mulheres lutam desde sempre contra sua própria socialização), e quando a gente luta, é contra algo. E ai dentro dessa batalha toda você da de frente com a sua oposição, que não só é o patriarcado, mas uma classe inteira. Classe essa, masculina.
Nesse momento sua perspectiva de igualdade se altera. Frases que você ouve as modificam:
"Quer igualdade? lute pelo alistamento militar obrigatório!"
"Quer igualdade? lute contra a lei maria da penha!"
"Quer igualdade? Então não reclama quando apanhar. Homem apanha, então porque mulher também não pode?"
"Quer igualdade? comece chamando homem na rua de gostoso"
"Quer igualdade? Então comece vindo me estuprar"
E é exatamente isso o significado de igualdade pra uma classe agressora. Não é acabar com a violência, é todo mundo pratica-la. Não é acabar com uma batalha inteira de classe, é dar o direito de todo mundo se espancar. Não é acabar com a agressão, é todo mundo agredir. Não é os homens chegarem ao percentual de menos de 10% de toda criminalidade do mundo pertencente as mulheres, é dar o direito das mulheres de chegarem aos mais de 90% atualmente pertencido aos homens.
Eu não luto por igualdade porque eu não quero ser isso. Porque eu não quero esse papel pra mim.
A ideia de igualdade não significa mais DIREITOS iguais, e se você acreditar que sim, usarão contra você. Irão se auto-permitir o direito da violência, mais do que ela ocorre hoje em dia. Eu não quero alistamento obrigatório pra ninguém. Eu não quero que a maria da penha exista, assim como eu também não queria que ela se fizesse necessária. Eu não quero que homens apanhem de mulheres, assim como eu nunca quis que mulheres apanhassem de homens. Mas isso nunca foi uma escolha. Eu não quero que a violência seja modificada, eu quero que ela seja abolida. Mas talvez a socialização dada aos homens não permita a eles essa perspectiva.
Porque gênero é isso, é socialização, é pra um submissão e pra outro demonstração de poder. É acima de tudo, hierarquia. Nunca poderia existir igualdade, porque o gênero já é criado exatamente para ser desigual. E se essa igualdade fosse possível não seria desejável, primeiramente porque mulheres ativistas não estão em busca de estar acima da piramide, mas de uma suposta horizontalidade, então não seria igualdade porque não teria nenhuma outra classe para se basear. E segundo porque a classe masculina não está disposta a abrir mão do poder que exerce.
Minha luta é por emancipação, liberdade, empoderamento feminino e pelo fim de todo e qualquer tipo de violência. Não tem mais espaço pra igualdade nela. Se alguém tivesse que se espelhar em um gênero para querer ser igual a ele, teria que ser os homens, não nós.
Então não digam que o feminismo significa "mulher = homem", Isso não é feminismo, isso é assimilação.
E eu não sou e nem quero ser igual a eles."

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Procura-se


Venho aqui desabafar o quanto hoje em dia é difícil encontrar um omi de respeito.
Procura-se um omi que se valoriza, que se dê o valor, que não seja um vadio, um puto, e que não saia com qualquer uma.
Mas esses omis de hoje... vão pra cama na primeira noite e umonte de muié já pegou. Omi assim só serve pra diversão mesmo. Depois querem casar, onde já se viu?
Até em cima da gente eles dão agora, nem espera mais a gente chegar. Onde é que fica a conquista? Acabou o encanto...
Procura-se um omi que não seja promíscuo, que não ande por aí sem camisa e nem goste muito de ozadia (porque isso é coisa de omi safado sem vergonha). Se souber cozinhar, lavar e passar melhor ainda.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

um pouco do que há aqui

Ir, de vez, e se arriscar... E mergulhar... E tentar... Mesmo sabendo do tombo. Mesmo sabendo da lágrima.. Mesmo sabendo da dor de cabeça. Como sempre fazemos. Esquecemos o resto do mundo, esquecemos do amanhã, noite sem fim. Mas tem um fim. E amanhã eu continuo aqui, e você continua aí. E na minha cabeça continua você. E na sua você já esqueceu. Ou não? Talvez pouco importe, porque eu nem sei até onde quero ir, onde posso chegar, onde vou tentar, se vale a pena continuar. Até onde? Por mim, pra sempre. Mas há o resto. Tanto resto de nós espalhado por aí. Levar a sério não dá. Não posso. Só quero. E nesse querer, entre dias passando, entre idas e vindas de você por aí, em mim. É desespero? É solidão? Nome não sei. Nem sei o que é de verdade. Se é você sentado ao lado falando leviandade, falando da vida, segredos. Rindo, sempre leve. E é só assim, sempre assim. Dessas coisas pra emoldurar, colocar na parede, guardar, porque é ouro, é momento sublime, é momento fugaz, mesmo que dentro de nós não seja fugaz assim. É que aqui pesa mais do que aí. Acredite. Por mais que a dor doa também em você. Aqui tá bem pior. Saiba. Aqui tá só saudade, aqui tá muita angústia, custa os dias, as horas e custa a cuca compreender. Talvez porque não tenha nada a se compreender. É que, como já disseram, só precisa ser sentido, mesmo sem fazer sentido. Mas será que deve mesmo? É perigo! Será que devo me privar desse sentir?

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

"O sistema é bruto" e nosso país de conservadores

"O sistema é bruto", dizia aquele cara na televisão e repete o tal 'bom cidadão'
Que acha graça do pobre falando errado e bate palma quando matam ladrão.
Mas ele esquece que o sistema é bruto pro preto, pro favelado.
Ele fuma três maços de cigarro por dia, mas condena quem fuma um baseado.
Ele acha aborto abominação, mas não liga muito se é o pai quem larga o filho de mão.
Não gosta de viado e quer que seu filho seja o machão.
Brasileiro aprisionado, escravo da manipulação
Abra a cabeça, senhor, que suas ideias não tolero mais não.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Navegando

Essa maré vai passar,
E quem quiser me ajudar a remar, pode chegar.
Essa maré de lágrima que faço pra navegar, 
Camelo já dizia. 
Onde será que vai desaguar?
Quando vai parar de desabar
A chuva que inunda os olhos
Enquanto houver oceano para atravessar
Em meu diário de bordo hei de acumular histórias
E um dia irei chegar no meu porto e ancorar - quando o sol chegar


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sobre mortes ou o caos

Qual morte te choca? 
A morte do ente querido?
A morte da 'mente brilhante'?
A morte de um conhecido?

Qual morte te toca?
Do corpo estendido na calçada
Que todo dia estampa páginas policiais?
Ou a morte que sai na capa dos mais populares jornais?

Qual morte te choca?
Todo dia um tiro acerta
Todo dia o risco alerta
Que são milhares de vítimas,
Milhares de vidas que vão

E qual a morte que te toca?
Qual você lamenta?
Qual você se importa?
Das quais você nem lembra?


quinta-feira, 26 de junho de 2014

TAG: 7 Coisas

Samenina Diw me marcou num negócio no blog dela, o Felante Elefante Colorindo, que consiste em uma lista de 7 coisas. Eu até já fiz uma parada dessa aqui mesmo no Insano Mundo Estranho, em dezembro de 2010. Mas né, como já faz um bom tempo e umonti das minhas respostas mudaram, além do fato de que adoro responder a questionários, lá vai eu de novo... e vamos a TAG:

7 coisas que quero fazer antes de morrer:
1. Comprar uma casa grande, onde eu possa criar pelo menos dois cachorros;
2. Casar e ter filhos;
3. Viajar por vários lugares;
4. Ter uma banda;
5. Não deixar que a exploração do capital desagregue valor a minha vida, ou seja, trabalhar com algo que me dê prazer;
6. Muitas loucuras ainda;
7. Poder contribuir em várias causas nas quais acredito. 

7 coisas que falo:
1. Samenina/semenino;
2. Tadisgrama;
3. Muito amor;
4. Vixe;
5. Sdds (...);
6. Oxe;
7. É memo, é nada!

7 coisas que (eu acho que) faço bem:
1. Comer;
2. Compor;
3. Escrever;
4. Me comprometer com o que me proponho;
5. Organizar, em geral;
6. Coisas que envolvem criatividade;
7. Listas e planejamentos.

7 coisas que não faço bem:
1. Iniciar uma conversa;
2. Esportes;
3. Dar conselhos;
4. Decidir;
5. Tomar iniciativa, isso envolve também abrir mão do meu orgulho;
6. Esquecer do mal que me fazem. tenho que melhorar isso aí;
7. Me maquiar.

7 coisas que me encantam:
1. Filmes;
2. Músicas;
3. Feminismo, luta lgbtt, contra o racismo e afins;
4. Gente de alma bonita;
5. Cães e bebês;
6. O amor, em todas as suas formas;
7. Aqueles que têm coragem de serem diferentes.

7 coisas que não gosto:
1. Hipocrisia;
2. A direita;
3. Gente que faz as coisas sem pensar nas consequências de seus atos, sobretudo quando atingirá outra pessoa;
4. Esperar;
5. Ideias retrógradas, homofóbicas, machistas, racista, etc;
6. Fofoca;
7. Planejar alguma coisa (boa) e algo ou alguém atrapalhar .

7 coisas que amo:
1. Alguns familiares e amigos, e Kika;
2. Carinho;
3. Música;
4. Socializações (por incrível que pareça), encontros, festas e afins;
5. Coisas inesperadamente legais;
6. Gente que faz o bem;
7. Cães.

7 blogs que indico pra responder:
Nenhum, porque sou dessas

Olha, demorei bem mais pra fazer isso do que imaginei....

terça-feira, 10 de junho de 2014

Deixa ser

Solidão
Mandou dizer
Que tanto queria você.
Solidão
Mandou avisar
Que em mim é também seu lar.
Laiá...
Dirão que não é certo assim
Querer perto de mim
Um alguém que não se é por inteiro.
É que passo os dias lembrando
O que fazer desse tanto querer?
Vem me falar...
Eu sei que aqui não é o seu lugar
Mas deixa ser, vamo fingir
Até onde a gente ver que da pra ser
Até onde der pra ir, e sorrir.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Não tem contradição: queremos Copa, saúde e educação

Estamos vivendo um momento histórico: o Brasil irá receber a Copa do Mundo 2014, momento de oportunidade para o país que recepcionará pessoas de toda parte do mundo e ganhará visibilidade internacional.
Mas a realização do mundial também expõe as fraquezas de nosso país. Movimentos populares clamam, mostrando que a luta por melhorias e o desejo por avanços correm nas veias dos meninos e meninas. Gritamos por mais saúde, segurança, serviços públicos e uma educação de qualidade. A União da Juventude Socialista (UJS) levanta a bandeira dos movimentos do povo e acredita que não devemos ficar parados.
Porém, é necessário ficarmos atentos. Os protestos estão sob intensa disputa ideológica. Os setores conservadores, utilizando-se principalmente da mídia, irão tentar se apropriar e direcionar as reivindicações da juventude. E é justamente o setor de direita que mascara e camufla o movimento popular, introduzindo ideias que atendem as suas diretrizes ideológicas, como a palavra de ordem "não vai ter Copa!".
O "cancelamento" do evento não irá trazer nenhum avanço real para o povo. Derrotar a Copa é de interesse do que há de mais conservador, reacionário e atrasado neste país. É um interesse da direita e uma ideia que nada tem a ver com o progressismo juvenil.
Não devemos cair no discurso das elites. Serão bilhões injetados em nossa economia, obras de reestruturação e mobilidade urbana que ficarão como legados para a população, além dos olhos do mundo inteiro voltados para o nosso país. O sucesso da Copa irá mostrar que, ao contrário do que afirma a galera do complexo de vira-lata, o Brasil tem condições de realizar grandes eventos.
Devemos sim contribuir para um debate que faça com que a Copa traga melhorias também para o povo, brigar por mais direitos sociais, como as bandeiras que a UJS sempre levantou, tais como a reforma política e da mídia, transporte público de qualidade e 10% do PIB destinados à educação.


Emile Lira, diretora de comunicação da UJS Camaçari

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Desatar

Tudo só começou
E não me importa o depois
Porque o amanhã ainda vem, e o então já não sei
Quero provar 
O sabor amargo da loucura
O doce prazer
Me desatar os desejos guardados
Espalhá-los em você, 
Me desfazer em você...
É que o mundo pode virar de cabeça
E todos os sonhos vão desaparecer.
Então não espera,
Olha que o sol já vem
Não interessa o que vão dizer, porque sempre irão falar
Mas eu não tenho nada a perder
Se só que temos a sofrer é da vida desperdiçada
Por isso não disfarça, acha graça
Perca o rumo, o prumo
E e me apruma em seu braço
Me una em seu abraço, desarruma

Porque já tá tudo bagunçado, espalhado.


sábado, 8 de março de 2014

As mulheres são fortes e ponto

Hoje é 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Já escrevi muitas coisas sobre o tema, a luta das mulheres é assunto recorrente para mim, e a data renderia um texto grandioso. Mas preferi ser sucinta hoje: vou parafrasear a page Umbigo Sujo e dizer que não me venha com bom-bom sabor patriarcado, tampouco flores vermelho machism. Desejar feliz dia as mulheres cis e trans, ressaltar que continuemos na luta contra o machismo e pela liberdade. Clamar para que nos dispamos de tudo que nos aprisiona. Reafirmar que mulher é, faz e está onde ela quiser. Gritar que respeitem o nosso corpo e a nossa voz.
Além de tudo isso, quero falar sobre um dos poucos comerciais legais que está passando na tevê, um dos poucos que não tratam as mulheres como objeto ou como ser inferior. O do Rexona Woman.

Porque as mulheres são fortes. Não fortes entre aspas. Fortes, sem porém. Fortes e ponto.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Kika

"Mãe ama você"
"Que comportamento é esse, criança?"
"É a princesa da casa!"
"Mas é pura preguiça"
"Isso é feio, menina!"



Até que poderiam ser diálogos entre mãe e filha. E, olha, é quase isso mesmo. Só que a filha em questão não foi gerada na barriga, tem rabo, quatro patas e fala 'au au'. 

Há pouco menos de dois anos eu estava inquieta: precisava ter um cachorro, porque eles são fofos, companheiros e tudo mais. E lá estava eu, olhando pequeninas fotos de vira latas de um abrigo, as quais me foram enviadas pelo e-mail. Entre aquelas criaturinhas estava ela, e não foi difícil escolher.
Foi quando fui pegar a minha menina no veterinário que descobri que era de fato uma menina, e mesmo que inicialmente eu estivesse atrás de um garotinho, pouco me importou. Ela estava em meus braços, indo pra casa, toda medrosa e acompanhada de uma 'ladainha' que alertava o quanto era chorona.

A primeira noite, meu deus, ela e o seu irmãozinho, Corleone (que passou algumas semanas com a gente), não me deixou dormir nem ao menos meia hora. Mas pouco me importou perder o sono por aqueles anjinhos. As próximas noites foram mais tranquilas, mas quando ela teve que se separar do irmãozinho (que foi levado par outra casa), foi aquele chororô a noite toda. 
Não demorou muito e chegou um novo irmão, Black. Dessa vez não era de sangue, mas eles aprontariam muito, muito, muito. E juntos cavaram altos buracos no jardim, latiam sem parar quando passava um gato ou até mesmo outro cachorro na rua, brigavam pelo prato da ração, pelo brinquedo (nem que o 'brinquedo' fosse uma garrafa pet vazia), corriam um atrás do outro. O brotherzinho preto, pequeno e gordinho era sempre mais barulhento, subia na mesa, pulava no teto do carro, roubava comida, sapatos e meias, fazia xixi no pé da mesa, em cima da cama, na máquina de lavar, no sofá, e até mesmo em meu pé. 

Ela não é pouco danada, mas é chegada num carinho, num dengo demorado, passar debaixo das pernas dos outros (ela não se importa se é grandona e isso pode derrubar alguém), e dormir. Sempre medrosa. Tem medo de gente nova, de cavalo, bicicleta, carrinho de mão, capacete, sombrinhas, caixa de som, touca na cabeça, chapéu de palha e mais uma imensa lista de coisas.
O brotherzinho preto, pequeno e gordinho - Black (que eu chamo carinhosamente de Bebel), teve que ir embora ( D: ), mas ela ficou comigo. E quando eu tô triste ela vem ficar do meu lado. Quando eu deito no sofá pra assistir tevê, ela vem passar debaixo das minhas pernas. Quando vou comer, ela deita debaixo da mesa. Quando eu sento num banco, ela sobe em meu colo (de novo, pouco se importando se cresceu 'um pouquinho demais'. Eu não me importo também). Quando eu abro o portão de casas, ela sai para a rua, corre, passeia, brinca com os amigos-cachorros da rua, mas depois sempre bate com a pata no portão para eu abrir e ela poder entrar. Quando estou no computador, ela vem deitar no pé. Ela adora passear de carro (aproveita logo quando vê a porta aberta e pula pra dentro), dorme na escada, compartilha de minhas comidas (coisinhas que não a fazem mal), me abraça, lambe, e me ama - eu sei.

E eu a amo, muito. Porque ela é minha princesa, minha pequena, minha menininha, e o amor de mãe.