segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Aires Buenos ou sobre seis dias congelantes

O vento congelante batia no rosto, impiedoso. Era Buenos Aires que nos dava boas vindas as 2h da manhã, cerca de 3 graus. Esse vento friozin nos acompanhou todos os dias quando a porta do hotel se abria. E companhia era também o gosto do doce de leite, alfajor e media luna que já não saiam mais da boca. Foi gosto de Quilmes, cervejas artesanais, pizza fugazzeta e tantos outros sabores tão pertencentes aos aires buenos da capital argentina.

Depois de uma decepção de planos financeiros, desisti de sacrificar as minhas primeiras férias empregada para juntar mais dinheiro. 'Vamo viajar, pelo amor de deus'. E como os destinos nacionais estavam bem salgadinhos, quando Milane sugeriu a Argentina mandei logo mensagem pra Junior: a gente vai pra Buenos Aires, compraí as passagens. Foram compradas no mesmo dia, a noite. O hotel foi um dia depois, após algumas pesquisas pela internet. A viagem era daqui há uma semana - destinada a juntar todos os cachecóis, luvas, gorros, casacos e meias calças emprestados possíveis de meus queridos abiguinhos.
Saímos daqui umas 17h, pousamos no errejota e seguimos até chegar no Aeroporto de Ezeiza. Lá o moço do taxi que esqueci o nome (queria tanto lembrar o nome dele porque ele é uma ótima pessoa, tem um preço camarada e ainda faz um câmbio maravilhoso) nos esperava. Do aeroporto até o hotel foi mais umas meia hora na estrada.
A vista da chegada a Buenos Aires

Como indicado pela page/blog Aires Buenos (melhores dicas pra quem quiser conhecer a city), dividimos os dias por roteiros. O primeiro dia fomos conhecer o bairro da Recoleta. Primeiramente compramos um chip da Personal (porque minha operadora me cobrou um absurdo de caro pelo pacote de internet) e colocamos uma carga de sei-lá-quantos-pesos-me-perco-nessas-conversões de crédito e assim podemos usar o 3g e aproveitar o melhor do nosso amigo google maps para chegar aos locais.

Cervejaria artesanal maravilhosa que não me lembro o nome
Primeira parada foi a lindíssima livraria El Ateneo, depois a Galeria Bond Street cheia de lojas de tattos, piercings, roupas e similares. E em seguida uma cervejaria artesanal maravilhosa (que não me lembro o nome) que produzia as beers alí mesmo, aos olhos dos clientes. Depois fomos no famoso cemitério da Recoleta, que olha, quanto túmulo maravilhoso, gigantesco, espetacular, grandioso - assim como todos os prédios e construções de Buenos Aires. Depois demos um pulinho pra comprar os ingressos do Fuerza Bruta, conhecemos o Buenos Aires Design, tomamos um solzin no parque, comemos um Big MÁc de 180 pesos (ai meu corazaum), conhecemos a monumental Faculdade de Direito, a Floralis Generíca, o maravilhoso Museu Nacional de Belas Artes, ufa. Um tempo pra descansar no interessantíssimo Camping: uma tendazinha ao lado do Buenos Aires Design com uns banquinhos de madeira a la camping meixmo, luzes decorativas, velas nas mesas, chocolate quente, cobertorzinho pra pegar e se esquentar e músicas que voce mesmo escolhia através do celular. Por fim, era a vez do conhecer o espetáculo Fuerza Bruta. Não há palavras para descrever. O que posso dizer é que se você tiver oportunidade conheça o Fuerza Bruta peloamordedeus, porque puta espetáculo maravilhoso. Sério, não tem nem como descrever. Saindo do show, em frente ao Hard Rock Café tocava uma banda de rock em comemoração ao dia do amigo (que lá é coisa seríssima), findando assim a noite. Descemos e pegamos um taxi - umas das poucas coisas baratas que Buenos Aires pode oferecer são os taxis.
Modesto túmulo no Cemitério da Recoleta

Segundo dia subimos pela Calle Florida e todas aquelas ruazinhas comerciais, onde voce não para de ouvir 'câmbio, cambio, dolares, dolares, cambio', se depara com os caríssimos preços argentinos (roupas, sapatos, celulares, etc etc), inclusive na galeria Pacífico, shopping lindíssimo e carérrimo. Seguindo, chegamos ao bairro de Porto Madero, onde pudemos admirar a puente de la mujer, tomar um sorvetin do Fredo e conhecer um barco-museu. De volta ao hotel, nos preparamos para o passeio Buenas Noches, em português e para brasileiros, oportunidade que tivemos para ouvir as histórias da cidade. Vale bem a pena. O passeio foi encerrado no quadragésimo-sei-lá-o-que andar de um prédio, em um restaurante, com um brinde de champanhe e um vista que dava pra observar as luzes do Uruguai. Em seguida, junto com um pessoal bacana que conhecemos no passeio, fomos para uma pizzaria experimentar uma das mais baratas - e saborosas - iguarias de Buenos Aires.
Porto Modero

No terceiro dia fomos conhecer os parques de Palermo: primeiramente o aconchegante e simpático Jardim Botânico, com árvores diversas de todo canto do mundo. Depois fomos ao charmoso Rosedal, onde nos arriscamos andar naquelas bicicletas duplas, constatando rapidamente que não temos disposição física para tamanho esforço. Passamos pelo Planetário, mas estava com uma fila quilométrica, comemos um pochoclo, tiramos fotos com duas desconhecidas argentinas que nos abordou, e seguimos para o belíssimo e deslumbrante Jardim Japonês. Depois, caminhando por Palermo, fomos a uma pizzaria e finalizamos o dia conhecendo o Museu de Arte Latino Americano onde tinha exposições ótimas, dentre as quis de Yoko Ono e o quadro de Frida Kahlo. A noite fomos ao Casino Buenos Aires, em Porto Madero, onde perdemos 70 pesos naquelas maquininhas espertas. Um local onde se amontoam senhores e senhoras de mais idade, possui um aquecedor extremamente quente e você se sente com muito calor e abafado, e tem bastante cheiro de cigarro. Na parte da frente, pudemos aproveitar um restaurante bacana onde tocava uma banda de blues-hard-rock-country.
Jardim Botânico

Sábado o sol saiu mais bonito, dava pra andar com casaco fino e sem muito apetrecho. Reservamos para fazer as compras: alfajor, vinho, chimichurri, doce de leche e lembrancinhas com preços bem salgadinhas, ai meu senhor dos pesinhos (um chaveiro não tava por menos de 50 pesos). Foi só bater perna. Perto do hotel tava rolando um evento referente a alguma coisa da Colômbia, mas eu queria meixmo era descansar, assistindo aqueles tantos programas do TLC, Home and Health, Animal Planet, Tru TV e todos os outros que assisto aqui, mas todos em espanhol. Lá pras 22h fomos ao simpático pub irlandês Molly Malones, com uns tira gostos bem saborosos e um mojito maravilhoso.


Susanita, Mafaldata, eu, Manolito
Último dia, no domingo fomos conhecer o bairro de La Boca, mais precisamente no Caminito, que logo ao chegarmos nos deparamos com diversas lojas com todas as lembrancinhas possíveis e onde nosso dinheiro foi todo embora. Vimos uns dogzinhos com roupas que eram uma graça. Passamos para conhecer o modesto estádio do Boca Juniors e paramos para comer uma das melhores coisas que Buenos Aires nos ofereceu: choripannnnnnnnn. Pão, calabresa de churrasco, chimichurri, vinagrete, um moço servindo com as mãos sem luvas, bem pretinhas de sujeira, uma churrasqueira tomando toda aquela fumaça dos onibus que passavam, um pão que saiu de um saco mal amarrado do porta mala de um carro todo imundo. Que comida maravilhosa. Por dentro eu rezava para não passar mal - e não passamos não, podem comer o choripan próximo ao La Bombonera. Depois seguimos para o bairro de San Telmo, onde tava rolando uma feirinha de antiguidades, momento que me arrependi amargamente de já ter gastado todo o meu dinheiro, e enfrentamos uma fila bem grandinha para tirar uma fotenha com a estátua da Mafalda. Terminamos e pegamos um taxi para a estação de trem que vai para a cidade de Tigre (com T, não Chile, como pensou o taxista com o nosso sotaque). O caminho foi longo, mas pude ver, mesmo que não de perto, uma parte da cidade mais residencial, calmo, onde se via quase gente nenhuma, e a todo momento eu gritava: quero morar nessa cansaaaaaaaa. Chegando a Tigre foi o momento mais frio de toda a viagem. Tava pouco frio não, era um gelo que minha nossa senhora da Frozen. Comemos um churros que ao botar na boca era quase um picolé. Fomos no China Town, um shopping só com coisas asiáticas, jogos e tudo mais, e fomos conhecer uma feirinha com as coisas mais baratas de toda a Argentina que eu vi - mais barato que aqui no Brasil. Mas nesse momento nos restavam poucos pesinhos, então não comprei nada mesmo. Só rezei para voltar logo, porque apesar de bonita, a cidade de Tigre é frio que só! Chegando a Buenos Aires era só hora de voltar pro hotel para arrumar as malas.
Pouco frio em Tigre

Cedo hora do dia, 3h da matina, já estávamos no taxi a caminho de Ezeiza. Tivemos que nos virar nos 700 porque as malas tinham 10 quilos de excesso de bagagem. Passamos por Guarulhos e cerca de 14h estávamos em Salvador.
Buenos Aires.... Seis dias congelantes, de preços que eu não conseguia  administrar, taxis que valem a pena pegar, metrôs com ótimo custo benefício, segurança invejável, um arzinho dos anos 90, eu tentando me virar no espanhol... Histórias para sempre recordar, e quem sabe, um dia voltar.