sexta-feira, 27 de maio de 2016

Sobre dores meio bobas -ou não

A gente sempre  acaba chorando e sofrendo por umas coisas que depois a gente se acha um bobo por sofrer por coisas tão banais. E mais tarde percebemos que não faz mal chorar por coisas não-tão-fim-do-mundo, exceto pela dor de dente e as vezes a dor de cabeça que chorar me causa. Mas pior é guardar tristeza, pois aí ela pode resolver morar dentro de nós. 
Daí a gente faz um dramalhão, chora, se descabela e um tempo depois procura alguma coisa que nos distraia e as coisas ficam bem. Não assim com tanta rapidez. O tempo depende de diversas variantes que as vezes nem a gente entende.
As vezes esses problemas meio bobos aparecem, a gente deixa doer, eles vão embora, e volta e meia retornam. E a gente faz todo o ritual como o de costume. Eles vão, voltam, mas se ficarem é porque tem algum probleminha nisso aí, vamo resolver.
As vezes me pego chorando por umas faltas que sinto, de gente querida que fez tanto bem, e ainda faz, mas não anda mais tão perto, por motivos diversos da vida. A saudade vem, dói e a angustia aperta pela incerteza se as coisas vividas serão revividas ou se tudo é passado. Mas aí lembramos o quão infinitas foram as coisas vividas e assim, mesmo se não voltarem, já são eternas. Tem pessoas que são eternas dentro de nós e ao lembrar disso a gente sorri, por fora e por dentro, enxuga a lágrima e continua a viver.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Violação

O temor é cotidiano, e só quem o sente sabe o que é. É o medo que quem nunca teve o corpo visto como público nunca sentirá. É de quem anda na rua e gostaria que sua única preocupação fosse ou não ser assaltada. É pela certeza que o nosso 'não' quase nunca será respeitado, nossas opiniões serão menosprezadas e o que nos ocorrer será porque demos motivo.
Todo dia uma notícia de mais uma irmã nos causa dor, e quando é alguém assim tão perto nos angustia. Nós somos por todas porque entendemos nossas dores, como nenhum homem será capaz de entender porque não precisa senti-las, porque o privilégio os blindam de certas opressões e violências.
Mulheres, vocês não estão sozinhas, estamos juntas não simplesmente por uma questão de escolha, mas sobretudo por uma questão de sobrevivência. Somos por nós.