domingo, 16 de outubro de 2011

Do saudosismo ao futurismo

   Entre as ladeiras de pedra, os casarões coloridos e a vida agitada de Olinda, região metropolitana de Recife (PE),  cinco jovens criavam uma das mais bem conceituadas bandas do novo cenário alternativo nacional. O ano era 2001, Felipe, Marcelo, Samuel, Vicente e Chiquinho formavam a Mombojó, uma mistura de indie, rock alternativo e manguebueat.
   Creio que a maioria que lêem esse blog conhece e sabe do que eu tô falando: letras nonsenses, calmaria, som trabalhado, voz carregada de harmonia e sotaque. Mas tudo isso é pra construir o ambiente, venho mesmo falar de dois CD's da banda, o nadadenovo e Amigo do Tempo.


   Lançado em 2004, nadadenovo foi o primeiro álbum do grupo pernambucano e contêm 15 faixas. Uma mistura, sonoridade que parece ter sido construída com cuidado; cada batida, cada distorção, cada teclado: tudo parece ter sido montado com precisão. Até mesmo o som monofônico de um celular tocado sem querer na hora da gravação parece ter sido de propósito, casou e ajudou a elaborar a música. O disco é pura poesia, cheio de riffs, sons dedilhados, bossa nova, toque charmoso do manguebeat. Destacam-se as músicas Deixe-se Acreditar, Faaca, Merda e Nem Parece, por sinal, as duas primeiras, um dos poucos momentos enérgicos do CD.


   Já em 2010, Mombojó lançou o Amigo do Tempo, seu terceiro álbum. Com uma banda muito mais madura, nesse trabalho o grupo não deixa de lado o rock alternativo, mas o manguebeat cede espaço para as batidas eletrônicas. São sintetizadores afiados, sons inorgânicos, uma linguagem muito mais pop do que a antiga obra do grupo olindense. Notoriamente, um trabalho muito mais ambicioso, que não se detêm as canções melódicas e arrisca-se a uma nova roupagem, mas que não perde a linha. Apesar da diferença clara dos dois discos, facilmente percebemos, trata-se da mesma banda, com a mesma disposição, mas em tempos diferentes.
   Se em 2004 eles nos apresentavam a fluidez das vozes suaves, os sons quase nostálgicos; em 2010 Mombojó acelera, eis as batidas sequenciadas e eletrônicas do futuro.

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