quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobre quatro dias em terras pernambucanas

   Pra variar, estava lendo jornais, mas isso já faz alguns meses, meus olhos brilharam ao ler que Amy Winehouse vinha ao Brasil "num festival no verão", "ora", pensei eu, "mas é claro, ela vem pro Festival de Verão de Salvador". O que logo constataria ser um grande engano, por sinal, nem em Salvador ela viria. Já estava me conformando em não ver nenhuma apresentação da Amy, mas surgiu um convite "e aí, vamos ver o show em Recife?", meu bótimo namorado me trouxe a luz, "como não pensei nisso antes?!". 
   A viajem mexeu com toda a família, que resolveu também respirar ares pernambucanos. O avião foi descartado logo de cara, o pessoal tava querendo passear pelas estradas. Reservamos três dias numa pousada em Olinda, e então estava tudo pronto. Saímos de Camaçari no dia 12, ainda ia dá quatro da manhã. O caminho até o fim da Bahia foi lento, muito lento, tudo culpa da forte chuva que caia impiedosa. Já em terras sergipanas tudo correu muito tranqüilo, logo chegamos à divisa Sergipe-Alagoas, paramos para tomar café, tirar fotos do Rio São Francisco e esticar as pernas. 

   De volta à estrada, já em Alagoas, fomos surpreendidos pelas obras de duplicação da estrada, paramos muito por conta disso, esperas que chegavam há até 40 minutos, isso sob um sol escaldante e um clima insuportavelmente seco, e esse Alagoas que não acabava! Foi muito chão, muito suor e calor. Paramos num posto a fim de comprar água, quase dez garrafas de água, o que parecia mais do que suficiente, mas não foi, antes de chegar a Pernambuco as garrafas já estavam quase vazias. 
   Depois de muita demora, chegamos em fim ao estado de destino, e por uma informação equivocada pegamos o caminho errado, estávamos a caminho de Porto de Galinha. Um novo informante nos guiou para o caminho certo, estávamos perto! Depois de mais duas horas de chão chegamos a Jaboatão dos Guararapes, seria uma alegria se eu não estivesse destruída de cansada. Como a velha Lei de Murphy não falha, chegamos à cidade em pleno horário de pico, era 17:30h, pegamos um engarrafamento tenso (mas nada tão ruim comparado aos engarrafamentos da CIA-Aeroporto as 18h que eu pego quase todo dia), e finalmente estávamos em Olinda. Não tardamos em achar a pousada, e como um prêmio, a primeira coisa que fiz foi um banho, aquele momento foi emocionante (sic¬¬).
   Pronto, depois de um dia hiper cansativo, descemos para jantar num boteco que parecia agradável, mas no outro dia pela manhã, tal foi a surpresa ao ver que o bar em questão foi interditado pela vigilância sanitária. Mas tudo bem, era o dia do show de Amy, e essas coisas eram mínimas.

   As 18h já estávamos na fila do Centro de Convenções, e depois de pouco mais de uma hora de espera, entramos no espaço e corremos para o alambrado da pista (o que não era nada próximo ao palco, já que o front stage era gigante, ok, era o melhor lugar que poderíamos pegar). Firme e forte por umas duas horas no mesmo lugar, feliz fiquei quando Mayer Hawthorne subiu ao palco, era um tanto quanto apertado, mas isso é super normal. 
   O show foi tranqüilo, mas divertido, aprovei a apresentação do americano, que ouvia pela primeira vez. Janelle Monae foi a próxima da noite, mostrou um show super produzido, com ótimos efeitos visuais, além de uma música bem feita. Mas a atração mais esperada era mesmo Amy Winehouse, que subia no palco já caindo. Errou uma música, enrolou outras, colocou o backing para cantar algumas, mas nada disso comprometeu a energia da apresentação, o público estava em êxtase. Enquanto Amy abraçava freneticamente o backing vocal e dava goladas em um líquido desconhecido, Mayer foi para frente da pista cumprimentar os fãs, mas é claro, nessa hora minha máquina tinha que inventar problema, e as fotos saíram tão trêmulas que o rapaz ficou irreconhecível. Por sinal, nenhuma foto ficou realmente boa, graças à iluminação, a hiper distância e as milhares de pessoas que pulavam ao meu lado.

   Ao final do show o público pedia bis, eu, desacreditada, pensava "quem acha que ela vai subir no palco de novo, minha gente?", mas mordi a língua, cara, Amy retornava ao palco pra cantar mais de duas músicas. Pronto, terminado o bis, todo mundo já saia do Centro de Convenções, quando mais uma vez a cantora inglesa retornava ao palco, surpreendendo a todos. Foram quase uma hora e quarenta de show, a apresentação mais longa em sua passagem pelo Brasil.
   Com o evento realmente findado, a labuta agora era pra conseguir um táxi. Era uma disputa selvagem, todos os táxis estavam ocupados, e sentindo muita dor nos pés e na coluna, tudo isso foi uma verdadeira penitência. Só achamos um táxi livre depois de quase duas horas de espera. Não faço idéia da hora, o que sei é que chegamos a pousada sãos e salvos.
   No outro dia acordamos cansado, mas satisfeitos, resolvemos estender a viagem e ficar até segunda pra não perdermos a oportunidade de presenciarmos, no domingo, as prévias de carnaval, .
   Sábado, 19h, chegávamos do centro de Recife, passando enfrente ao Mercado Eufrásio Barbosa notamos certa aglomeração, decidimos então saber do que se tratava. Era o Festival Original Olinda Style, fomos curtir a agitação olindense. Assistimos a apresentação da banda Observatório, um bando liderado por uma vocalista talentosa, presenciamos um evento extraordinário, com público encantador e cheio de bandas supimpas, era um mix musical, uma mistura de rock n'roll com maracatu, mangue beat, frevo e forró. Como tinha sido um dia cansativo, fomos logo embora, mas ficamos encantados com o Festival e a cena bem organizada da cidade.

   No domingo passamos o dia na praia e a noite fomos curtir as prévias de carnaval, uma festa agitada e animada, andando nas ladeiras do centro histórico, entre os casarões bem conservados. Foi em clima carnavalesco que finalizava a nossa estadia em Pernambuco. 
   Saíamos da pousada às 5h da segunda-feira, nos preparando para enfrentar muitas horas de viagem. Em suma: a mesma peregrinação da ida. Com menos obras no percurso, mas ainda com uma Alagoas muito seca e calorenta. Porém desta vez, Sergipe também me pareceu longo, quando ultrapassamos a fronteira Sergipe-Bahia comemorei horrores, ah, como os ventos baianos sopram mais suaves! Às 16h chegávamos a terras camaçarienses, paramos ainda em Barra de Pojuca para almoçar.
   Era final da noite, findava-se a viagem. Aniversário de 18 anos comemorados com mais de 12 horas de estrada, e com o bolo que minha avó deixou preparado. O que resta agora são as promessas de um carnaval 2012 em Olinda e a lembrança de uma boa aventura de verão.

4 comentários:

  1. Obrigada por me transportar um pouquinho ao show e à Recife com esse seu post Emile, rs.

    Eu tenho uma vontade incrível de conhecer Pernambuco, mas ainda não rolou de ir até lá. E não sou exatamente fã da Amy, mas acho ela o máximo, as músicas fantásticas. Fiquei com raiva da galere por aqui colocando defeito nas coisas, nos hábitos dela etc. Quanta bobagem li do mesmo pessoal que há poucos dias se derretia em tietagem...

    Que bom que foi tudo bem, apesar dos percalços do caminho...

    Ri muito com o boteco onde vocês comeram interditado no dia seguinte pela vigilância sanitária! Mas só tô rindo porque, pelo visto, não houve consequências graves.. hehe

    ResponderExcluir
  2. Eita, 18 anos já? Ficou de maior!!!!!!!!! Uhuuu...adorei o post! Beijos

    ResponderExcluir
  3. Pois é Meg, FINALMENTE 18!

    É a terceira vez que vou em PE, Deise, e sempre adoro. Certamente voltarei em breve.

    Beijo meninas, valeu

    ResponderExcluir
  4. Quem dera meus ouvidos pudessem ouvi-la tão de perto. Meus olhos tmbm brilharam quando soube de sua vinda ao Brasil, mas o final da minha história não foi tão feliz assim :/

    P.S.: Isso não foi uma chatagem emocional pra vc se sentir mal por não ter me convidado, não messssmo. rs

    ResponderExcluir