quarta-feira, 25 de abril de 2012

O paraíso de Tio Sam


   Os trajes dos heróis da infância estampam as cores vermelha e azul, a Disney é destino dos sonhos de muitas crianças, o paraíso do Tio Sam é almejado, difundido por música e filmes hollywoodianos. Mas em Beleza Americana, Sam Mendes desconstrói o sonho americano, fazendo cair por terra a idealização da nação bem sucedida e expondo a farsa da sociedade perfeita. Foi em 1999 que o filme ousou desmistificar o padrão social dos bons costumes, regida pela repressão e relações levianas. 
   Lester Burnham, um homem em plena crise dos 40 anos, vive uma vida sistemática e pragmática, desvalorizado no trabalho, esnobado pela filha adolescente, Jane, e submisso à mulher com a qual tem um casamento de mentira, Carolyn. Se vendo afogado em infelicidade, ele lança mão de sua estabilidade e entrega-se a um novo estilo de vida: deixa o sedentarismo de lado e começa a fazer exercícios, muda de emprego, começa a fumar maconha e se apaixona pela amiga de sua filha, não mais se importando como vai ser visto pelas outras pessoas.
   Mas a vida de aparências que Lester abandonou ainda faz parte da rotina de seu novo vizinho, Frank Fitts, ex Coronel dos Fuzileiros Navais que educa com mãos de ferro seu filho Ricky e é autoritário com a esposa, se mostrando retrógrado e conservador. Angela, amiga de Jane pela qual Lester se apaixona, também exibe uma vida mentirosa, ostentando sua beleza com esnobismo. 
   Com um filme totalmente bem amarrado e dirigido e um roteiro muito bem elaborado, Beleza Americana consegue questionar tabus, como a homossexualidade, o consumo de drogas, traição e virgindade. Os toques de humor aliviam o clima de tensão sem diminuir a complexidade da narrativa, com um ritmo que consegue prender a atenção do início ao fim. Cada cena ajuda na construção de uma sequência de revelações, que se estendem até o último minuto do filme.
   As informações que ficam ocultas também servem para sustentar a ideia de segredo, daquilo que fazemos e permanece invisível à sociedade. Quase todos da trama tinham motivos para odiar o Lester, mas, quem sabe, o odiassem justamente por sua audácia de quebrar com os padrões, fazendo revelar farsas e desmascarar tantas verdades que a sociedade teima em esconder. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário