domingo, 18 de dezembro de 2011

50 anos a mil

   É pelo tom despojado, declarações polêmicas e hits, que Lobão é conhecido. O músico emplacou nas paradas de sucesso canções como Vida Louca Vida, Me Chama e Vou Te Levar. Além da carreira solo, 'o Lobo' já fez parcerias com artistas como Marina e Cazuza, e integrou as bandas Blitz, Os Ronaldos e Vímana.
   Confesso, não tenho tanta proximidade com a carreira de Lobão (mesmo já tendo ido pra um show dele quando eu era criança), não sou fã de suas músicas e não conheço tanto suas obras, mas foram as atitudes firmes e opiniões fortes que me fizeram sentir certa empatia por ele, além de sua admirável atuação como apresentador da MTV, nos programas MTV Debate, Código MTV, Lobotomia e Lobão ao Mar. E por isso resolvi ler o livro 'Lobão 50 anos a mil', sua biografia.
   
   Nas 591 páginas há histórias sobre composições, dificuldades com as bandas e em sua carreira solo, relatos sobre sua prisão - por porte de drogas, seus relacionamentos amorosos e seu desfile na bateria da escola de samba Mangueira. Mas é mesmo a primeira metade do livro que me encantou.
   É sobre o João Luiz Woerdenbag Filho, um menino de classe média, que a obra começa a narrar, um alguém que parece não se tratar do mesmo Lobão rocker. Um garoto de família grande, pais e avós corujas, estudioso e que sofria com problemas de saúde. Seus primeiros relatos são sobre suas experiências traumáticas no jardim de infância, a paixão por marchinhas de carnaval, primeira comunhão e seu tímido e desastroso primeiro beijo.
   
   Com uma leitura extremamente simples e coloquial, passeamos pelos primeiros anos do roqueiro, quando ele ainda se dedicava a música clássica. É como se estivéssemos conversando ali, frente a frente com Lobão. E ele vai nos contando sobre seu primeiro contato com o rock n'roll, a primeira experiência com banda e as típicas dúvidas de adolescente. Ao descobrir que o que queria ser de verdade era músico, eis que surge o Lobão dos palcos.
   Sua passagem pela Vímana, Gang 90, Blitz e seus trabalhos como baterista começam a fazer parte dos relatos, e quando ele ganha a fama, o livro nos apresenta uma novidade: entre um capítulo e outro, aparece a sessão 'Lobão na Mídia', que conta o que os jornais falavam sobre ele, deixando claro o quanto os meios de comunicação distorciam os fatos.
   É por, mesmo não sendo uma fã das músicas de Lobão, ter devorado o livro com entusiasmo, que o recomendo. Seus relatos transcendem o 'Lobo roqueiro' e revela muito mais sobre o João Luiz, uma história que parece muito comum, mas que na verdade é completamente instigante.

Um comentário:

  1. Lobão é o cara. Não li sua biografia, minha admiração surgiu a partir de entrevistas dele em revistas.

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