sábado, 26 de julho de 2025

Eu queria morar nesse sonho

Eu quase posso sentir seu rosto com a ponta dos meus dedos

Percebo as nuances, toco seus cabelos

É como se o mundo estivesse parado naquele instante

Eu fico desenhando um espaço onde tudo pudesse ser real

Você debruçado na janela encarando o céu e as tantas caixas empilhadas, enquanto ascende um cigarro 

Em minha ficção, sua cabeça corre sempre para aqueles dias e fantasia os meus abraços e acasos

E imagina o sol que se esguia entre as frestas da cortina

Eu anseio sua voz que me diz parte de coisas bonitas, e me arrancam um riso instantâneo e involuntário 

E me agarro a elas

Como se a outra parte não fosse como uma poeira densa, e sendo um cisco ainda ocupa uma sala inteira aqui

Essa parte ocupa o enorme vão, o espaço entre como as coisas são e como eu queria que fossem

Pois se fosse como minha quimera, seu cheiro estaria tomando esse quarto e os fios repousando ao lado

A pequena Maria passearia por aqui e se aconchegaria na sua pele.

E o difícil, o mais difícil, é que pulsa o medo do além

Meu coração aperta porque sei que não é você que vai estar lá

Você não está 

E não vou me esquentar no aconchego que dá, na sensação que faço de lar

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