Eu quase posso sentir seu rosto com a ponta dos meus dedos
Percebo as nuances, toco seus cabelos
É como se o mundo estivesse parado naquele instante
Eu fico desenhando um espaço onde tudo pudesse ser real
Você debruçado na janela encarando o céu e as tantas caixas empilhadas, enquanto ascende um cigarro
Em minha ficção, sua cabeça corre sempre para aqueles dias e fantasia os meus abraços e acasos
E imagina o sol que se esguia entre as frestas da cortina
Eu anseio sua voz que me diz parte de coisas bonitas, e me arrancam um riso instantâneo e involuntário
E me agarro a elas
Como se a outra parte não fosse como uma poeira densa, e sendo um cisco ainda ocupa uma sala inteira aqui
Essa parte ocupa o enorme vão, o espaço entre como as coisas são e como eu queria que fossem
Pois se fosse como minha quimera, seu cheiro estaria tomando esse quarto e os fios repousando ao lado
A pequena Maria passearia por aqui e se aconchegaria na sua pele.
E o difícil, o mais difícil, é que pulsa o medo do além
Meu coração aperta porque sei que não é você que vai estar lá
Você não está
E não vou me esquentar no aconchego que dá, na sensação que faço de lar
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