segunda-feira, 11 de junho de 2012

Com leveza, Tomboy trata sobre assunto polêmico


   Os olhos azuis brilhantes de Michael, menino novo que chegou ao bairro, esconde mais do que sua aparencia revela. Com uma tesoura, sua irmã Jeanne o ajuda a deixar os cabelos louros curtos, com o resto dos fios cortados, as crianças colocam no rosto e fantasiam usar um bigode. Para a pequena Jeanne, é apenas uma brincadeira, mas para Michael, uma farsa que ele leva a sério. Michael na verdade é Laure, uma menina de 10 anos que se traveste como o sexo oposto, e assim consegue conquistar a amizade das crianças do bairro e a paixão de Lisa, menina que ela conhece na vizinhança.
   Na língua inglesa, a palavra Tomboy designa uma menina que tem comportamento masculinizado, e no filme francês de mesmo nome, lançado em 2011, a diretora Céline Sciamma consegue conduzir com leveza e de forma delicada o tema polêmico. A própria apresentação da família de Laure indica que a diretora optou por tratar o assunto sem cair em clichês e apontar culpados pelo comportamento dela. A garota mantém uma ótima relação com a irmã e os pais parecem aceitar com tranquilidade os gostos peculiares da menina.
   Quando a farsa é descoberta por Jeanne, que adora se vestir de rosa e dançar balé, ela consegue encarar a situação de forma despreocupada, afirmando até preferir possuir um irmão mais velho que uma irmã, porque ele poderia a defender das outras crianças. Jeanne não julga a irmã e apoia suas atitudes, pois, como uma pequena menina de cinco anos, ainda se desprende de preconceitos e padrões sociais.
   Os poucos cenários, reduzidos à casa de Laure, a um campinho de futebol, e a um bosque, ajudam a construir o intimismo e focar a atenção do telespectador no drama vivido pela personagem, assim como o roteiro direto e simples.  Mas o maior destaque é para as atuações mirins, que interpretam com competência os personagens complexos, dando o tom inocente da infância à história forte que Tomboy apresenta. 

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