sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A saga do CamassaRock


TCC (ou monografia) é sempre aquela dor de cabeça. É raro de quem não reclame, é raro quem não precise sacrificar seus fins de semana, madrugadas e dignidade para entregar o bendito. E prevendo isso tudo (não com muita precisão. Na verdade, quase precisão alguma), logo no terceiro semestre da faculdade comecei a fazer altos planos de como seria o meu trabalho de conclusão de curso: uma revista de cultura. A ideia reunia as duas coisinhas que mais me chamavam a atenção no jornalismo: o jornalismo de revista e o cultural.
Só que no meio do curso chegou a matéria de rádio e tevê, e esses dois veículos que antes pareciam que não eram muito meu forte (eu até já quis fazer o curso de Rádio e TV, mas era pra atuar atrás das câmeras), passou a figurar como os meus favoritos. Tomei gosto - e a professora disse que eu levava mó jeito pra coisa. Pra completar, nessa mesma época fui estagiar na tevê, e lá também, a galera dizia que o vídeo e eu tínhamos tudo a ver. Aí me apaixonei: produção, edição, reportagem. Era tudo isso que eu queria pra mim! 
Depois de passar um ano atuando na tevê, tive que sair de lá. Mas o gosto por audiovisual não saiu de mim (não é a toa que comecei na faculdade fazendo Cinema). Todos os trabalhos que tive a oportunidade de utilizar o vídeo, esforços não foram poupados.
No sétimo semestre, chegou o Pré-Projeto de TCC e de uma coisa eu tinha certeza: ia ser em vídeo (documentário ou matéria especial). Mas ainda precisava correr atrás de um tema. Feminismo, racismo, movimento estudantil, umonte de coisa passou pela minha cabeça, eu tentava fujir do jornalismo cultural ("vamos mudar um pouco de ares?", pensava eu), mas ele me seguiu, e eis que resolvi falar do rock de Camaçari (uma paixão. Pra falar da minha relação com ele, renderia um post a parte).
Agora era pesquisa, pesquisa e pesquisa, escrever,  escrever e escrever, ufa. Mas tinha mais. Chegando no oitavo, somada às pesquisas, tinha a tal da produção. E olha, produzir um documentário é moleza não. Vai atrás dos entrevistados, marca com um, marca com outro, êta, temos que desmarcar, e o local de filmagem?, mas cadê o cinegrafista?, e as perguntas?, tem que passar primeiro pelo orientador, e a coordenadora do curso também tem que ver (beijos pros dois), esse plano não ficou bacana, e esse áudio menos ainda, tem ruido aí, tem que pegar as imagens, e decupar tudo, finalizar roteiro, selecionar vídeos, escolher as fotos, escrever. Mas, para tudo! Temos que nos dedicar também ao memorial, correr atrás de teoria (essa coisinha que vimos nos primeiros semestre e fazemos questão de minimizar durante o resto do curso), fazer sumário comentado, tem alteração do orientador, essa pesquisa aí tá pouca. Ufa, ufa, ufa.
Mas por fim, com o auxílio de minha amiga e colega de profissão Taís Araújo (que por percalços no caminho teve que abandonar o projeto dela e entrou no meu barco pra me ajudar a o fazer velejar), eis que surge o CamassaRock:

O rock é paixão. É assim que podemos traduzir o sentimento que move diversas pessoas que fazem desse ritmo sua vida. O CamassaRock é um documentário que retrata o rock no município de Camaçari, Região Metropolitana da Bahia, como um movimento alternativo impulsionado por atuações de divulgação e de ações que contribuem para o desenvolvimento e para a consolidação desse estilo musical. O vídeo traduz a paixão que move as plateias, os distintos grupos musicais, produtores, divulgadores, organizadores a apoiadores do movimento, traçando os principais acontecimentos que marcaram o rock na cidade, e sobretudo, a sua estruturação e profissionalização a partir do ano de 2009, quando, em reconhecimento da importância da cena, foi instituído o Dia Municipal do Rock.

O DVD do CamassaRock já está a venda, os interessados podem entrar em contato comigo para adquirir o seu.

PS: Quero agradecer  a uma cambada de gente que me ajudou pra caramba também: os entrevistados (Rudsson Santos, Flávio Guerra, Faustino Menezes, Ericson França, Oreah, Leandro Rodrigues, Edvaldo Filho, Roque Torres, Marilton Trabuco, Ítalo Oliveira, Pablues, Beto Bruno - em nome da Cachorro Grande, Deputada Luiza Maia e o Secretário Vital Vasconcelos), outros que não puderam participar, mas contribuíram muito (Paulo Papel e Emerson Carlos), minha mãe, meu pai, meu namorado, SECULT de Camaçari, Trakino Design, Barraca da Cultura, Alternative-se, Camaçari Rock, Coletivo Capivara, TV Câmara, Clube de Arte Fotográfica de Camaçari, Rejane Rangel, e a todos que sempre perguntavam 'e aí, Emile, e esse documentário?', davam força e estavam na torcida. Brigadão a todos vocês.

PSS: Fiz um teaser, queria postar aqui pra vocês, mas ainda não consegui upar no youtube. Quando eu consegui, atualizo o post ;)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Escudo

Amanhã ou depois,
Não importa mais,
Se tudo é tão fugaz
E o tempo é voraz.
Com você tudo é bem melhor
Sozinha não dá,
Mas se for assim, pra  ficar,
Que não seja só estória
Que palavra não é só contada,
É morada, espelho da alma

Lá fora tudo é tão escuro,

Quero teu escudo pra me amparar.
Lá fora é tudo tão frio,
Quero ser "nós dois", pra não ser um só

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Castelo de areia

Os anos se passaram
E eu ainda não sei
Se um dia serei eu,
Até quando mentirei para mim.
E depois do fim
Tudo pode ser um castelo de areia
E a onda sempre vem.
Já não sei mais quem sou,
Dos papeis que risquei,
Dos sonhos que sonhei
Se é somente o que busquei,
Mas o que tanto exige o mundo.
Ser sempre o primeiro
Não quero ser só número
Quero muito mais do que eu vi
O que têm a oferecer?

Mergulhar na escuridão
Andar sem direção
Pular sem ver o chão
Quem sabe ou poderá dizer
Pois até eu vivo sem saber
O que será do meu depois

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Foi ao cinema e matou o Führer


Quem assiste aos filmes de Tarantino sabe que ele não é autor de um personagem e tampouco de uma história, ele é criador de várias histórias e de vários personagens, que possuem grandezas imensuráveis.
E é assim em Bastardos Inglórios. Sem protagonistas, o cineasta coloca em tela estórias - sem h - situadas na Segunda Guerra Mundial. Mas é quase unânime entre os espectadores: bem que essa "estórias" poderia ter um h ali no começo e a trama apresentada bem que poderia ter acontecido de verdade. É que Tarantino fez o incrível: matou Hitler.
Uma judia francesa que presenciou a morte de sua família pelos nazista, um judeu-americano membro dos Bastardos - grupo que dedicava-se a vingar os malfeitos dos alemãs e matar cruelmente os nazistas, e um detetive nazi conhecido como O Caçador de Judeus. É nesse embaraçar de figuras chaves, nessa mistura de idiomas (o filme tem partes em inglês, francês, alemão e italiano), que presenciamos uma obra primorosa e formidável, com diálogos inteligentes e, claro, recheada de ação e sangue.




quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Divagando

Eu não sei do meu caminho
Se a flor é só dor e espinho 
E a labuta da luta caleja/
Rotina bate na porta
E eu, morta, atola, "não chora",
Rezo, peço a 'alguém do chão'
Porque o então é longo e longe/
E a fome (que não quer só comida) não espera
Só aperta, acelera, desacerta os sentidos//
Em toda esquina um perigo
O rastro manso do inimigo
Que insisto em bater de frente
Porque valente é gente que não arreda o pé
Venha o que vier, faça o que quiser
Pois tudo o que fizer é de coração aberto//
A liberdade é a primeira lei
Na terra que derrubamos reis
Sangue nos'óio. Não corre, menino
Peregrino do mundo maldito,
Andarilho sem destino 
Que num desatino,
Um dia ainda vai inverter esse mundo - vagabundo
E a flor vai ser só cheiro e cor
Espinho não mais terá

terça-feira, 23 de julho de 2013

Além da burca

Mariam e Laila, duas mulheres que tiveram que enfrentar na pele, cotidianamente, as tragédias ocasionadas pelas tantas guerras que o Afeganistão passou, que viveram invasões, conflitos internos, tiveram que fazer das bombas, ataques e misseis fatalidades de seus dia-a-dia. Que em baixo da burca guardavam as marcas da opressão, que eram vítimas da cultura machista em seu maior extremismo, que eram punidas pelo simples fato de serem mulheres num dos piores países do mundo para nascer uma mulher .
Mariam cresceu em uma pequena aldeia do interior, subindo em árvores, pescando, aprendendo os fazeres domésticos. Até os 15 anos, a menina vivera num "seguro" universo da infância e da pureza. A partir de então, ela começa a conhecer esse mundinho insano, estranho, e (cruelmente) real. A harami (bastarda) percebe que os tantos presentes que seu pai lhe dava quando ia a visitar uma vez por semana, fazia parte apenas de um teatro, encenação feita para comprar o seu carinho e perdão. 
Laila cresceu na movimentada capital Cabul, filha de mãe autônoma e decidida, pai intelectual e mente aberta, frequentou escola - sendo aluna de uma professora com admiração pelo comunismo, cultivou amizades, fez planos para entrar na universidade, se apaixonou. 
É sobre o entrelace da vida dessas duas mulheres quase antagônicas que Khaled Hosseini escreve no livro A Cidade do Sol (2007). Nas intrigantes 368 páginas, Mariam e Laila ganham vida, sob o cenário do Afeganistão. Um narração inteligente, que fisga o leitor e o faz passear com leveza por uma história complexa e fascinante. 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Seis músicas

Vi por aí, achei uma ideia bacana: um tumblr que se propõe a criar listas musicais para momentos especiais. É o Seis Músicas, e as listas são de uma variedade criativa, tem músicas para pintar as unhas, fazer sexo, lavar louça, ouvir no ônibus e para acordar de bom humor. Me identifiquei com a proposta, mas as faixas escolhidas não. A maioria, ou eu não conhecia a música, ou não gostava. Então resolvi fazer minhas próprias listas. Escolhi as categorias que mais curti (ou que tive mais facilidade para achar músicas que se adequassem), preenchi, e pronto, vim postar aqui:

Para ir para as ruas


1 - E Vamos a Luta - Gonzaguinha
2 - Essa Luta é Nossa - Fumasound
3 - Nada - Olho Seco
4 - Bete Balanço - Cazuza
5 - Mosca na Sopa - Raul Seixas
6 - Moleque Atrevido - Jorge Aragão

Para Ouvir Chapado


1 - Ponto Cego - Cícero
2 - Beija Flor - Cacife Clandestino
3 - Remédios - Ultrasônica
4 - Contato Imediato - Arnaldo Antunes
5 - Is This Love - Bob Marley
6 - Fenix - Declinium

Para os 20 e poucos


1 - História pra Contar - Moptop
2 - Velha e Louca - Mallu Magalhães
3 - Seu Minuto, Meu Segundo - Gram
4 - Babylon - Zeca Baleiro
5 - Mente Positiva - Mukeka di Rato
6 - Sou Uma Criança, Não Entendo Nada - Erasmo Carlos

Para curtir o carnaval


1 - Copacabana - Marcelo Camelo
2 - Moda de Samba - Velotroz
3 - Deixe-se Acreditar - Mombojó
4 - Exu Parade - Otto
5 - Todo Carnaval tem seu Fim - Los Hermanos
6 - Samba Sambei - Criolo

Para quebrar tudo


1 - Por um Rock'n Roll Mais Alcoólatra e Inconsequente - Rock Rocket
2 - É Melhor Pensar Duas Vezes - Vivendo do Ócio
3 - Clube dos Canalhas - Matanza
4 - Violência e Sobrevivência - Lixomania
5 - Sugar - System of a Down
6 - World Rotten - The Pivos

terça-feira, 25 de junho de 2013

Existe amor por aqui

Eu sei é que aqui existe amor
E cabe tudo que é pra ser sorriso
Prosa sem fim, dancinha mansa
Que é pra ontem esse sonhar
A pressa é bicho camarada
Só quer bem logo ser feliz
O poeta já falava
Que a vida é boa, amigo
E é só liberdade que faz alma voar
Meu transbordar é por você, meu bem
Cotidiano é a felicidade
Que não tem hora pra ser nem pra acabar

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Bicho criativo

ARTISTA
           CRIA
         PENSA
           FALA
       INDAGA
TRANSFORMA
         FORMA
      INFORMA
       REFLETE
        AFLORA
      IMPLORA
           GERA
       AGREGA
      DESTRÓI
    CONSTRÓI
  QUESTIONA
PSICODELIZA
   VERBALIZA
       REALIZA
             VOA
     VAI ALÉM
          MUDA
                O MUNDO
      INVENTA
    FERMENTA
     FOMENTA
                ARTE
                CULTURA
                VIDA
                EDUCAÇÃO
                FLOR
                AMOR
                CONSCIÊNCIA
                CIÊNCIA
                SAPIÊNCIA
                PENSAMENTO
                REFLEXÃO
                VISÃO
                FRUIÇÃO
                CONCEPÇÃO
                PAIXÃO
ARTISTA 
      É BICHO
    CRIATIVO
 QUE CATIVA
   QUE ATIVA

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Acalanto

Gente que me faz bem
Que me leva além
Quem?
Gente que me dá sorriso
Me dá abrigo no peito
Vem
Que desse jeito, mesmo que não seja pra sempre,
É infinito
E palpito nesse nosso transbordar

quarta-feira, 27 de março de 2013

Desespero dos 20

Todo mundo fala da crise dos 40, da paranoia de chegar nos 30, mas, olha, vocês deveriam ter me avisado que chegar nos 20 também bate desespero.
Até o meu último aniversário, fazer nova idade era motivo de alegria (sobretudo antes dos 18, quando você quer logo chegar a maioridade). A ideia de ser uma pessoa 'mais velha' e de estar na casa dos 20 era uma coisa sublime: liberdade, autonomia, diversão, etc, etc, etc.
Só que aí eu cheguei nos 20... E rolou uma bad: "mas cara, tô velha!". E mesmo que, ok, ter 20 não é ser realmente velha, você começa a lembrar do seu 'eu da infância', que sonhava em ter 20. É como o fim de um ciclo, aquele ciclo em que você se projetava no futuro. Tipo quando você sonha por tanto tempo com alguma coisa e esse sonho se realiza: ao mesmo tempo em que rola felicidade pro ter realizado, fica confusa com o que pode vir a seguir.
O desespero aperta quando você conhece alguém mais novo. "Mas olha", dizem os outros, "fulaninhx só tem essa idade, tão novx!". Parece estranho não ser mais esse fulaninhx. Ou ainda perceber que já passou a adolescência e ainda não fiz umonti de coisa besta na vida, não tenho certeza da minha profissão, não tenho como me sustentar... 
Suas concepções sobre amigos e família mudam, começa a ter menos saco pra festas e perder noite, coloca a mão na cabeça tentando organizar os horários... Assusta pensar que agora as decisões serão mais difíceis:  construir família, levar mais a sério a sua saúde, seguir uma carreira... Desespera! 
Alguns dizem que é a melhor época da nossa vida... Que assim seja! 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bastardo

O sonho um dia morre,
A vontade se esgota,
O tempo a desfaz
A vida bate a porta
E apaga com os planos,
Mas escrevo e canto
Como o grito de sufoco
Da angústia em meu peito.
A inspiração não morre

Quem sonhou em ser poeta
Já é só pelo sonhar,
Mas o quase não me deixa esquecer
De tudo que tinha de ser
E não foi

Quando me vejo só,
Alimentando as vontades loucas,
As palavras me consolam
E só elas conseguem entender
A dor de saber
Que foi em vão,
Que corro sem direção
E resta só o dissabor

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A dignidade de ser

Quem gritem por aí que só tem ateu agora porque é modinha, continuo levantando a bandeira do laicismo, e por sinal, não precisa não crer em deus para defender uma nação que efetivamente assegure a livre manifestação religiosa, sem privilégios, preconceitos e violência, e que a fé seja um direito individual, não fazendo com que os dogmas das religiões predominantes sejam impostas a todos.
Não consigo engolir religiosos extremistas (como esses tipos Malas que vão na tevê falar abobrinha e gosta de se meter na vida e nos direitos alheios). Mas também acho chato os ateus que se julgam superiores, mas que na verdade são a cara do preconceito. 
Respeito e tolerância são essas duas palavras que alimentam a nossa vontade de ainda presenciar uma sociedade que pratique o pacifismo, e ser ateu ou crente (de todas as formas de crenças) não seja motivo para julgamentos. 
Esse papo todo é pra dizer que fiquei super feliz com o artigo de José Medrado hoje no jornal A Tarde. Precisamos de mais gente proliferando essa ideia no mundo. 
Segue o texto:

"Há umas três semanas, fui assistir à missa na paróquia da Vitória, celebrada pelo meu amigo Pe. Luís, e depois fomos almoçar, onde trocamos ideias sobre assuntos comuns aos humanos. Naquela oportunidade, pude receber algumas caixas de leite para a Cidade da Luz, produto de uma campanha que o clérigo realizou entre os seus fiéis. Nestes dias em que está em pauta sensata o direito dos atues - por que não? -, vejo que faltam ações concretas que evidenciam encontros, integração mais sistemática entre os crentes em si e ateus, na busca de um diálogo comum, de uma metafísica includente que, como bem disse o teólogo Ian Barbour, é o encontro de conceitos gerais em cujos termos sejam possíveis interpretar diversos aspectos da realidade.
Os conflitos que permeiam as relações das pessoas sobre o tema do crer ou não nascem, em geral, pela arrogância a que alguns profitentes religiosos são levados pelos seus líderes, sentindo-se superiores em suas religiões, em detrimento de tudo e todos. O ser humanos tem um caráter intrínseco de sociabilidade natural, mas, infelizmente, as religiões, em particular algumas neopentecostais, têm buscado o poder político e econômicos como forma de supremacia em um país laico, onde, lamentavelmente, vemos o governo se dobrando a alguns segmentos religiosos, relegando inclusive, certas ações sociais ao esquecimento, por conta de pressões religiosas. Refiro-me, por exemplo, ao processo educativo conhecido como o kit gay, que, na verdade, nada mais era do que a educação dirigida pelo respeito às diferenças. O governo cede às religiões, a fé se sobrepõe à educação, ao bom senso.
Tenho, permita-me, caro leitor, a alegria de ter amigos em vários segmentos religiosos e de ateus, sem qualquer demagogia, que muito me enriquecem em seus labores pela causa do bem, em uma cosmologia mais ampla, a do ser homem de bem, pois em nossos encontros esquecemos as diferenças e nos concentramos nos pontos comuns, na riqueza da harmonia de uma grande orquestra, onde o importante não é a religião, mas a dignidade de ser, crentes e ateus". 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

30 dias de ódio

Como é costume eu resumir desafios de listas em um só post (como o Desafio Musical e o Meme de Filmes), com esse não vai ser diferente. O desafio 30 dias de ódio não tem um cunho tão cultural assim, mas não é segredo que eu adoro responder questionário, então resolvi responde-lo e expressar um pouquinho do meu lado raivinha.


1 - Um ódio que você acha que só você tem: blocos de grama (como a imagem deste link)
Parece meio ridículo... Na verdade é bastante ridículo, mas me dá ódio ver aquelas gramas quadradinhas juntas, sem formar uma sequência. É muito agoniante ver. Sempre que passo por algum lugar assim, tento virar o rosto. 

2 - Uma habito que você odeia nas outras pessoas: achar que todos têm a obrigação de ouvir a sua música

3 - Uma música que você odeia: Que isso novinha
Ah, num mundo de pagode, forró eletrônico, arrocha, sertanejo universitário, Chiclete com Banana, Belo e tantas pérolas, fica difícil citar apenas uma música odiante. Mas essa onda de 'que isso novinha!' (em todos os ritmos do mundo) tá num altíssimo nível de chatice.

4 - Um ódio gastronômico: muqueca

5 - Uma citação que você odeia: "morra pra si, viva pra deus"
Me dá nojo frases preconceituosas ou atrasadas, vide as citadas no 'Desconstruindo', como "Esse é o país que vai sediar a copa?", "As mulheres têm culpas por serem estupradas", "Pra mim todo maconheiro deveria morrer",  "As famílias estão se perdendo", "A música morreu" e "Ser gay virou moda". Dia desses vi na internet uma campanha evangélica, e uma imagem estampava a frase "Morra pra si, viva pra Deus". Repugnei. Por mais que você seja teísta, essa frase reflete um grande negativismo.

6 - Um cheiro que você odeia: acarajé


7 - Uma situação que você odeia estar:  presenciar brigas

8 - Uma giria que você odeia: sinistro
Meu, cara, e todas essas gírias super paulistas, super cariocas, super malhação: odeio.

9 - Um sotaque que você odeia: carioca

10- Um filme que você odeia: Pagando bem, que mal tem?
Filmes bobalhões de comédia barata, romance água com açúcar, aventuras juvenis. Citar Crepúsculo ou High School Music? Clichê. Se tem um filme que parei para assistir esses últimos tempos e foi um grande arrependimento  é Pagando bem, que mal tem?

11- Uma palavra que você odeia: moral
Porque geralmente nessa palavra vem embutida uma alta dose de preconceito.

12- Um esporte que você odeia: F1
Acho chato assistir, provavelmente não é chato praticar.

13- Uma frase de atendente de telemarketing que você odeia: Um frase? Telemarketing já é detestável por si só.

14- Um meme que você odeia: esses de 'acorda Brasil!'

15- Uma coisa que você odeia encontrar na comida: pimentão

16- Uma banda que você odeia: Aviões do Forró

17- Um sabor de sorvete que você odeia: odeio é quando não tem sorvete

18- Uma personagem de série ou novela que você odeia: Serena
É antiga essa personagem, mas a Serena de Alma Gêmea vai ficar marcada  eternamente por ser chatíssima.


19- Um livro que você odeia: O Mexicano
Eu queria citar um livro super chatinho que li, mas por motivos de 'vamos evitar causar intriga' melhor deixar pra lá. Então vai aí O Mexicano, que não bastante ser chato, fui obrigada a ler para a escola.

20- Um lugar para onde você odeia ir: feira

21- Uma peça de roupa que você odeia: saruel

22- Uma modismo que você odeia: corrente de prata

23- Um jogo de tabuleiro que você odeia: não tenho ódio com jogos de tabuleiro

24- Uma bebida que você odeia: Campari

25 - Um vídeo do youtube que você odeia: aff, sei lá, não ando vendo muitos vídeos no youtube

26- Uma coisa que você odeia ter feito em sua vida: falha-me a memória

27- Um(a) apresentador(a) que você odeia: Rodrigo Faro

28- Uma frase que seus pais falem e você odeia: o filho de não sei quem faz isso e aquilo, você deveria fazer o mesmo. Acho que todos os pais falam isso.

29- Uma piada que você odeie: As machistas são as piores

30- Um ódio gratuito: telefone tocando

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Desconstruindo: acorda Brasil!

Um dos dizeres mais contemporâneos explanados no 'desconstruindo', mas nem por isso menos retrógrado. Um discurso antigo, inflado pelas elites e adotado pela classe média.


"É esse o país que vai sediar a Copa!"

Nessa nossa 'era facebook' escandalizou-se um certo tipo de cidadão, ele gostaria de ter nascido em qualquer país do mundo, menos no Brasil, porque em seu discurso, o Brasil é o retrato da decadência. No vocabulário, clássicos como 'é esse o país que vai sediar a copa' e 'acorda Brasil', e toda e qualquer coisa que massifique o quanto o brasileiro é alienado por novela, carnaval e futebol, os políticos brasileiros são corruptos, a cultura nacional é medíocre e nada presta por aqui.
E não é que eu ache o nosso país um paraíso, mas esse tipo comete dois principais erros: primeiro desconsiderar as falhas de todos os outros países, e também por descartar qualquer qualidade que o Brasil tenha.
Não quero pregar o nacionalismo, longe disso, não condeno agraciar a cultura de outros lugares, até porque gosto de umonti de coisa gringa, mas vestir a roupa do depreciativo exala uma certa visão critica superficial. Achem-se intelectuais o quanto quiser, pra mim essa maré de foda-se-novela-futebol-carnaval-cerveja-bbb-cultura-pop-brasil-pais-dos-impostos-politicos-ladroes é uma grande levianidade - e chatice. Ser crítico é muito mais que isso.