segunda-feira, 4 de junho de 2012

A nova TV aberta brasileira?

   No meu tempo de criança (muito tempo atrás) todo mundo sentava na frente da televisão pra assistir os programas 'de família', e o canal sintonizado, geralmente, era a TV Globo, famoso canal 11. Isso na maioria das casas, onde o Fantástico, Domingão do Faustão e Jornal Nacional eram referências. Às vezes se assistia o SBT de Sílvio Santos, e vez ou outra a Record. Na Band, só jogo, e olhe lá.
   De uns anos pra cá, muito se falou do crescimento da Record, que ultrapassou a popularidade do SBT e tava alí, quase-quase peitando a líder (na verdade esteve longe em peitar no IBOPE, mas incomodou bastante a rival). Fato é que a TV do Bispo investiu, ganhou audiência e público garantido, mas grande parte limitada em seguir o padrão global e produzir entretenimento, tanto nas novelas que se aprimoraram, quanto nos programas espetacularescos, ou até mesmo nos jornalísticos. A Record brilhou, e comprou briga com a emissora dos Marinhos.
   Mas aí, uma rede de televisão que sempre esteve alí, quase servindo apenas pra discussão futebolística, sem querer bater de frente com concorrente, deu um salto em qualidade, e hoje, mesmo estando muito atrás em audiência, surpreendeu ao telespectador, com programas inovadores, pelo menos na TV brasileira. Eis a Bandeirantes.
   A primeira produção da Band a causar burburinho foi o Custe o Que Custar, que estreou em 2008, já causando frisson na televisão, desde as esquisitices que iam parar no Top Five, as perguntas capciosas feitas aos políticos, até os testes de honestidade e ao quadro Proteste Já. De lá pra cá muitos elogios e críticas, consolidação, mudança de perfil, mudança de repórteres. E mesmo que o humor tenha extravasado mais do que o cunho jornalístico, o CQC ainda faz hoje o que nenhum jornal padrão faz: botar o dedo na ferida, colocar os dirigentes governamentais contra parede, fazer as perguntas que têm que ser feitas.
   Outro programa que merece muito as palmas (e que merecia muito mais audiência) é A Liga, lançado no ano passado, mostrando temas, por vezes batidos, mas de uma maneira bem inovadora. Eles vivem a realidade abordada e constroem a reportagem, sem se preocupar se tá ou não cuspindo na hipocrisia da sociedade, seja falando do preconceito, de prostituição, nudismo, consumo de drogas ou o movimento dos sem teto. Por sinal, A Liga trouxe o, então esquecido VJ da MTV, Cazé Peçanha, que depois de ser estrela do canal musical, estava apagado e subestimado. Apesar de ter perdido nomes como Sophia Reis, A Liga, que também conta com Thaíde e Débora Vilalba, continua mostrando-se como uma ótima opção na tevê aberta.
    A mais nova boa aposta da Band é o Perdidos na Tribo, reality sucesso no exterior, que mostra três famílias que abandonam o conforto do seu lar para viverem junto a tribos, uma da Indonésia, outra da Namíbia, e outra da Etiópia. Como não podia deixar de ser, quando terminar o reality as famílias ganham uma quantia em dinheiro, mas só se forem aceitas pela comunidade local. Por sinal, no programa não se cai no clichê de mostra 'os brancos como redentores das tribos não-civilizadas'. 
   Não, a Band não tá me pagando nada por isso (bem que podia, fikdik rs) e nem que ela seja a salvadora da televisão, é apenas um exemplo claro para minha sincera aposta da nova televisão aberta brasileira, sem a hegemonia do padrão Globo de produção




Um comentário:

  1. Muito bom. Concordo plenamente com sua colocação. Eu ia fazer um texto como esse, sobre o CQC, pra mim, o melhor programa da TV aberta brasileira.

    A Band realmente está dando um show de qualidade televisa pra cima das concorrentes Globo, Record e SBT. Que continue assim!

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