domingo, 16 de dezembro de 2012

Curto e grosso: Sobre Paraísos Artificiais e Eu Matei Minha Mãe

Colocando em cena as raves, em Paraísos Artificiais, Marcus Prado parece querer explorar esse universo sem se preocupar em fazer julgamentos. Embalado por uma trilha sonora de música eletrônica, o filme escancara o uso das drogas, imprimindo um discurso de que elas são a porta para esse paraíso artificial. Mas sem apologia. "As drogas são o que você quer, levam pra onde você quer" diz um dos personagens. Essa dualidade é o que o longa retrata: o uso das drogas para a exaltação ou como raiz de problemas, sem fazer desses dois 'caminhos' divergentes. Mas além do discurso e cenário, a história não é das melhores. Ainda com uma visão libertária, o autor discorre com naturalidade sobre sexualidade e 'os diferentes tipos de amor', porém o romance vivido entre Érika e Nando não convence, além de trazer personagens rasos. O argumento um tanto fraco é aliviado pela montagem, que, trazendo uma falta de linha temporal precisa, torna a narrativa mais atraente.

O canadense Xavier Dolan surpreende em Eu Matei Minha Mãe: escreveu o roteiro quando tinha 16 anos, e quatro anos depois dirigiu, produziu e atuou no filme. Uma semi-autobiografia, o longa narra um típico problema adolescente: o relacionamento conflituoso com a mãe. Em uma espécie de confissão, Hubert desabafa e demonstra que essa relação é muito mais do que revolta e ódio, mas uma mistura de amor e incompreensão. Os dois se vêm como estranhos e não conseguem entender o afastamento que eles tiveram depois que Hubert cresceu. Ao mesmo tempo em que o garoto é o retrato de um menino mimado, ele é maduro em suas convicções e uma figura solitária. Com uma narração simples, Eu Matei Minha Mãe se destaca pelos diálogos e pelo intimismo gerado. O erro de Dolan foi criar com certo descuido (beirando ao caricato e  da praxe 'a grama do vizinho é sempre mais verde') um antagonismo entre o relacionamento que ele tem com a mãe e a relação que seu namorado Antonin tem com a mãe.

Um comentário:

  1. O antagonismo não foi um erro, e sim pra mostrar que há vários tipos de relação entre filho e mãe. Minha opinião.

    ResponderExcluir