É
estranho está aqui nesse corpo imóvel, sem poder mover aquilo que por tanto
tempo era tão inerente a mim. Mas eu acho que já faz algum tempo que eu
permanecia imóvel, parado, estagnado, é... Parece que não é uma situação assim tão
nova. Continuo ouvindo o vento passar pela janela e os carros voarem lá fora,
ainda dá pra sentir o cheiro da vodka derramada e do quarto empoeirado, mas meu
nariz não coça mais. Foi devagar, pouco a pouco fui perdendo a sensação dos
dedos, dos braços, até não sentir meu corpo por inteiro. Me pergunto ainda se
essa é a tal sensação de paz que tantos falam, de não se senti mais parte desse
mundo. (...)
De nada adianta rostos sorridentes se sua alma está perdida dentro de você, se o seu ser não sabe quem você é de verdade e a sua única obrigação é continuar a obedecer a ordem natural da vida saudável. (...)
O cara legal se
tornou o cara chato e carrancudo. É engraçada a vida, o que ela faz com a
gente. Ela nos faz pegadinha, brinca com a nossa cara, goza da nossa
impotência, muda o nosso rumo. Pra mim ela foi cruel, ou, talvez, eu tenha sido
cruel com a vida. Me estraguei pouco
a pouco, cavei a cada dia a minha cova, delicadamente pronunciei o meu fim. (...)
Emile Lira
*trecho do meu futuro livro
Ahá! Você também tem um livro na gaveta...
ResponderExcluirHá tempos ando meio sem 'saco' pra muitas coisas na net. Gostei de ter vindo aqui e ter lido esse fragmento tão delicadamente triste. Gostei. tambem tenho umas folhas na gaveta. preciso de um empurrao daqueles. posta mais coisas. fiquei interessada. um beijo!
ResponderExcluirpod'eixar, futuramente posto mais.
ResponderExcluire meninas que também têm livros na gaveta, se joguem!
beijos ;*