domingo, 4 de setembro de 2011

Apenas o fim

É estranho está aqui nesse corpo imóvel, sem poder mover aquilo que por tanto tempo era tão inerente a mim. Mas eu acho que já faz algum tempo que eu permanecia imóvel, parado, estagnado, é... Parece que não é uma situação assim tão nova. Continuo ouvindo o vento passar pela janela e os carros voarem lá fora, ainda dá pra sentir o cheiro da vodka derramada e do quarto empoeirado, mas meu nariz não coça mais. Foi devagar, pouco a pouco fui perdendo a sensação dos dedos, dos braços, até não sentir meu corpo por inteiro. Me pergunto ainda se essa é a tal sensação de paz que tantos falam, de não se senti mais parte desse mundo. (...)
De nada adianta rostos sorridentes se sua alma está perdida dentro de você, se o seu ser não sabe quem você é de verdade e a sua única obrigação é continuar a obedecer a ordem natural da vida saudável. (...)
O cara legal se tornou o cara chato e carrancudo. É engraçada a vida, o que ela faz com a gente. Ela nos faz pegadinha, brinca com a nossa cara, goza da nossa impotência, muda o nosso rumo. Pra mim ela foi cruel, ou, talvez, eu tenha sido cruel com a vida. Me estraguei pouco a pouco, cavei a cada dia a minha cova, delicadamente pronunciei o meu fim. (...) 

Emile Lira
*trecho do meu futuro livro

3 comentários:

  1. Ahá! Você também tem um livro na gaveta...

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  2. Há tempos ando meio sem 'saco' pra muitas coisas na net. Gostei de ter vindo aqui e ter lido esse fragmento tão delicadamente triste. Gostei. tambem tenho umas folhas na gaveta. preciso de um empurrao daqueles. posta mais coisas. fiquei interessada. um beijo!

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  3. pod'eixar, futuramente posto mais.
    e meninas que também têm livros na gaveta, se joguem!

    beijos ;*

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