Era com olhar cabisbaixo que ele olhava entre uma fresta de luz, essa luz quase perdida entre a obscura sociedade. Ele era gente como eu e como você, era pessoa completa, nem meio, nem nada, era por inteiro gente, era totalmente humano. Mas estranhava o desapontamento que causava naqueles que eram gente pela metade. Os rostos que olhavam pra ele às vezes gargalhavam, causavam-lhe vergonha, outras vezes gritavam ofensas, causavam-lhe dor.
E não era que isso acontecia só com ele, não, não, era com vários, com aqueles que ousavam ser diferentes. Parecia que a diferença era doença crônica, parecia até que somos todos iguaiszinhos. É engraçado até, como aquela gente pela metade pensava, pensava que a cor mais clara era motivo de superioridade, achava que o gênero era razão pra se sentir mais poderoso, dizia por aí que sua conta bancária poderia compra tudo, espalhava mundo afora que sua aparência abria todas as portas.
E essa historia foi se espalhando, ganhando boca do povo, ganhando rua e viela, e até a gente inteira já não se achava completa, preto começou a sentir vergonha de sua cor. Essa história foi longe, correu, correu, correu cidade, correu vila, fugaz, arisca, danada, história mal contada conseguiu encharcar pensamento humano, conseguiu apagar a metade dos homens.
E hoje em dia como é que anda? Meio aqui, meio acolá. Esse papo é meio brabo, mas é preciso ser cutucado, com vara curta, de preferência, que é pra ele se desenrolar. E ele, que olhava pela fresta de luz começa a perceber que essa luz ganha mais força, é um sinal, de que o mundo está a caminho de um lugar mais claro, sem escuridão nem nada, sem idéia errada de gente que não é inteira.
E sabe por que essa gente não é completamente gente? Porque pessoa humana, que tem carne, osso, alma e coração, não cospe palavras feias, não exclui nem violenta, essa gente que é metade é porque tá faltando a outra metade que tem emoção. Qual o problema de ter outra cor? Qual o problema de não crer em seu deus? Qual o problema de ter outra forma de amor? No fundo, essa gente toda sabe que não há problema nenhum, não é errado ser diferente, o que falta é esse saber aflorar, extrapolar o lado plástico e puramente mecânico.
Putz, que texto bom, viu moçinha?! Muito bom msm, adorei a maneira como dispõe as palavras. E essa "gente pela metade" cabe em várias outras situações. Parebéns. :)
ResponderExcluirAi, eu só tenho uma reação pra esse texto: S2
ResponderExcluirhihi
Muito bom.
Amei de verdade.
:)
emile já voltei aqui pra ler esse texto um monte de vezes!!! isso é muito bom menina!!!!go emile,go!!!!
ResponderExcluirMenina pequena, mas gente por inteiro.
ResponderExcluirvocê é sensível e isso é tão bonito.
Caramba Emile, muito bom esse texto. Parabéns!
ResponderExcluirPow cara, feliz mesmo que tenham gostado tanto assim *-*
ResponderExcluirvaleu todo mundo :)
Muiiito bom mesmo Emile! ADOREI!!!
ResponderExcluirAss: Driele
roubei ♥ http://claudiamagnolia.tumblr.com/
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