quarta-feira, 30 de março de 2011

O cinema de Vertov

   Dirigido por Dziga Vertov em 1929, Um Homem Com Uma Câmera é um filme-documentário russo com duração de 68 minutos. Através de imagens pretas e brancas, o cineasta documenta cenas urbanas, retratando o cotidiano na sociedade soviética da época, sobretudo de Moscou. A obra é considerada um marco na história do cinema pelo uso de planos elaborados, estrutura complexa da narrativa e caráter poético.
   Precursor do cinema direto e do cinema verdade, Dziga Vertov fez parte do movimento construtivista, é um dos primeiros cineastas russos a usar a técnica de animação e desenvolver alguns princípios fundamentais da montagem no cinema. O movimento soviético entendia o filme como um 'jogo de encaixe', logo, a montagem era fundamental para a construção da idéia, era a estrutura que 'costurava' a produção cinematográfica.
   Nona obra de Vertov, Um Homem Com Uma Câmera utiliza efeitos ainda atuais, como o stop motion, planos ousados para a época, mostrando a perspectiva do olhar da câmera e criando novos conceitos na captação da realidade. A sétima arte no filme é autônoma e desprende-se do conceito do roteiro linear, contrapondo-se às obras literárias e teatrais, portanto, afirmando-se como uma nova arte. A característica principal do documentário é a coletânea de flagrantes de rua, rostos, fábricas, do dia-a-dia daquela época.
   Uma mostra clara do urbanismo que surgia, da década da mecanização, do novo estilo de vida que estava nascendo. Uma tentativa de aproximar a ação da filmagem com uma ação mecânica, comparando-a a outras atividades mercantis, como a produção nas fábricas, uma crítica ao cinema como indústria.
   Um Homem Com Uma Câmera é uma obra metalinguística, pretendendo mostrar na tela a arte do cinema, a ação da filmagem, a técnica crua da arte. Carrega traços dadaístas e surrealistas e faz da captação da imagem a sua mais pura produção. Sendo um pioneiro em linguagem e estética, o cinema de Vertov é ambicioso, sem a necessidade de uma ação narrativa desenhada, uma seqüência lógica, drama ou conflito.
   Apresenta-nos um cinema independente à dramaturgia, uma mostra artística, na configuração poética da realidade. O 'olho-câmera', ou câmera subjetiva, literalmente, nos tira da mesmice, nos faz ver o mundo, as coisas e os seres de um novo prisma, uma verdadeira sinfonia de imagens. A trilha do documentário, por sua vez, tem o papel de nos guiar, definindo a velocidade, o clímax e as características primordiais do filme. O acompanhamento musical é inerente à obra, sendo responsável pela fluidez e o dinamismo da mesma.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Rapidinha: Sobre Zii e Zie

   Já faz algum tempo que não via algo novo de Caetano (o Veloso). E posso dizer: Zii e Zie, novo DVD, me impressionou! Banda bastante competente, músicas gostosas, arranjos bem desenhados, sonoridade sofisticada, letras interessantes e produção (musical e visual) bem feita são alguns dos elementos que fazem desse disco um excelente trabalho. Caetano carrega o espírito da MPB, da calmaria, da minuciosidade, da tropicália, mas permite-se ao rock, ao samba, a modernidade e a inovação.
   É por isso que, como artista, o tal Veloso, sobretudo nessa sua nova obra, merece minha admiração e recomendação.

terça-feira, 22 de março de 2011

Tá liberado!

Edy Vox na Lavagem de Arembepe
- Quando: 27 de março
- Onde: Palco Principal (Arembepe - Camaçari)
- Quanto: Free
- Banda: Edy Vox e A Banda

domingo, 20 de março de 2011

Comemorando seis anos em alto estilo

Ladrões Engravatados na Lavagem de Arembepe
- Quando: 25 de março, a partir das 19h
- Onde: Trio da Cultura (Arembepe - Camaçari)
- Quanto: Free
- Banda: Ladrões Engravatados

quarta-feira, 9 de março de 2011

O cara do IêIêIê

Segundo o Wikipédia O IêIêIê foi usado como denominação do rock n'roll brasileiro da década de 1960, o termo surgiu da expressão yeah, yeah, yeah presente em algumas canções dos Beatles, o quarteto de Liverpool. Mas quem agora vem reavivar o tal ritmo dançante é o ex-titã Arnaldo Antunes, e para mim o  Tuninho.
O músico, poeta, compositor e artista visual lançou em 2009 o seu nono CD solo, o IêIêIê. Já em 2010, em comemoração aos seus 50 anos de idade, lança o CD e DVD Ao Vivo Lá em Casa, um projeto super intimista gravado na laje da casa do próprio Arnaldo, realização de um antigo sonho seu.
Jorge Ben, Erasmo Carlos, Fernando Catatau e Demônios da Garoa são uns dos convidados no DVD, o qual contem 24 faixas, miscelâneas de seus antigos trabalhos. Já o CD contem 14 músicas, executadas de forma sensacional. Destaco as canções: A Casa é Sua (que vem abrindo o CD, uma recepção do Arnaldo à seus convidados), Essa Mulher, Americana, Consumado, Envelhecer (música na qual ele faz homenagem a si próprio), Meu Coração e Vou Festejar.
Não é por acaso que Antunes é considerado um dos maiores artistas brasileiros e mora no meu coração é meu grande ídolo, com toda sua multifaceta de poeta, músico e compositor. Ao Vivo Lá em Casa é uma produção que, verdadeiramente, merece muito (muito mesmo) ser ouvida, reouvida, divulgada e executada nos quatro cantos. 

sábado, 5 de março de 2011

Volte para casa sem voz



- Quando: 13 de março, às 14h
- Onde: Bar da Kássia (Radical C - Camaçari)
- Quanto: R$5 (antes das 15h30) e R$7 (após as 15h30)
- Bandas: Declinium, The Pivo's, Ultrasônica, The Clan, Mácula, Rancor

quarta-feira, 2 de março de 2011

Um papo sobre o Grito Rock

Camarones Orquestra Guitarrística fez apresentação enérgica

   Camaçari sediou no último sábado (26) o festival de música alternativa Grito Rock, realizado simultaneamente em 130 cidades da América Latina. No município o evento foi organizado pelo Coletivo Cultural Capivara em parceria com o Coletivo Fora do Eixo e a Secretaria de Cultura (SECULT), e aconteceu na Praça Desembargador Montenegro. De forma gratuita, o festival atraiu tanto o fiel público dos rocks da cidade, quanto novos espectadores, que foram conhecer a cena local.
   A The Pivo's e a Ultrasônica representaram o rock camaçariense, mostrando um trabalho bem feito, cheios de energia, tocando músicas já conhecidas do público e agitando os presentes. Ambas as bandas mostraram amadurecimento e competência, assim como as soteropolitanas Acord e Quarteto de Cinco e a Pastel de Miolos, de Lauro de Freitas, que também traziam um som bem construído.
   Quem, mais uma vez, veio se apresentar foi a Camarones Orquestra Guitarrística, banda potiguar instrumental que fez o público vibrar, reafirmando seu potencial e comprovando sua eficiência. Além da Camarones, outra banda nordestina a tocar foi a Flash Black Licorice, de Pernambuco, ratificando a diversidade cultural da região e trazendo um mix musical.
   Os paulistanos da ColorTV fizeram seu show, apresentando-nos seu som forte e poderoso. Já Na Sala do Sino, do Rio de Janeiro, externou toda sua poesia, autenticidade e sonoridade minuciosa. Um grande destaque no evento foi a carioca Canastra, que faz o uso de trombone, saxofone, banjo e baixolão para compor a musicalidade inusitada da banda, que mistura jazz, rock e samba.
   O Grito Rock findou-se com saldo positivo, reavivando a cena rock de Camaçari. Bem executado, o festival nos deixa esperançosos para que mais eventos como este venham acontecer. Que esperemos então pelo próximo rock.