quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Kika

"Mãe ama você"
"Que comportamento é esse, criança?"
"É a princesa da casa!"
"Mas é pura preguiça"
"Isso é feio, menina!"



Até que poderiam ser diálogos entre mãe e filha. E, olha, é quase isso mesmo. Só que a filha em questão não foi gerada na barriga, tem rabo, quatro patas e fala 'au au'. 

Há pouco menos de dois anos eu estava inquieta: precisava ter um cachorro, porque eles são fofos, companheiros e tudo mais. E lá estava eu, olhando pequeninas fotos de vira latas de um abrigo, as quais me foram enviadas pelo e-mail. Entre aquelas criaturinhas estava ela, e não foi difícil escolher.
Foi quando fui pegar a minha menina no veterinário que descobri que era de fato uma menina, e mesmo que inicialmente eu estivesse atrás de um garotinho, pouco me importou. Ela estava em meus braços, indo pra casa, toda medrosa e acompanhada de uma 'ladainha' que alertava o quanto era chorona.

A primeira noite, meu deus, ela e o seu irmãozinho, Corleone (que passou algumas semanas com a gente), não me deixou dormir nem ao menos meia hora. Mas pouco me importou perder o sono por aqueles anjinhos. As próximas noites foram mais tranquilas, mas quando ela teve que se separar do irmãozinho (que foi levado par outra casa), foi aquele chororô a noite toda. 
Não demorou muito e chegou um novo irmão, Black. Dessa vez não era de sangue, mas eles aprontariam muito, muito, muito. E juntos cavaram altos buracos no jardim, latiam sem parar quando passava um gato ou até mesmo outro cachorro na rua, brigavam pelo prato da ração, pelo brinquedo (nem que o 'brinquedo' fosse uma garrafa pet vazia), corriam um atrás do outro. O brotherzinho preto, pequeno e gordinho era sempre mais barulhento, subia na mesa, pulava no teto do carro, roubava comida, sapatos e meias, fazia xixi no pé da mesa, em cima da cama, na máquina de lavar, no sofá, e até mesmo em meu pé. 

Ela não é pouco danada, mas é chegada num carinho, num dengo demorado, passar debaixo das pernas dos outros (ela não se importa se é grandona e isso pode derrubar alguém), e dormir. Sempre medrosa. Tem medo de gente nova, de cavalo, bicicleta, carrinho de mão, capacete, sombrinhas, caixa de som, touca na cabeça, chapéu de palha e mais uma imensa lista de coisas.
O brotherzinho preto, pequeno e gordinho - Black (que eu chamo carinhosamente de Bebel), teve que ir embora ( D: ), mas ela ficou comigo. E quando eu tô triste ela vem ficar do meu lado. Quando eu deito no sofá pra assistir tevê, ela vem passar debaixo das minhas pernas. Quando vou comer, ela deita debaixo da mesa. Quando eu sento num banco, ela sobe em meu colo (de novo, pouco se importando se cresceu 'um pouquinho demais'. Eu não me importo também). Quando eu abro o portão de casas, ela sai para a rua, corre, passeia, brinca com os amigos-cachorros da rua, mas depois sempre bate com a pata no portão para eu abrir e ela poder entrar. Quando estou no computador, ela vem deitar no pé. Ela adora passear de carro (aproveita logo quando vê a porta aberta e pula pra dentro), dorme na escada, compartilha de minhas comidas (coisinhas que não a fazem mal), me abraça, lambe, e me ama - eu sei.

E eu a amo, muito. Porque ela é minha princesa, minha pequena, minha menininha, e o amor de mãe.