Mariam e Laila, duas mulheres que tiveram que enfrentar na pele, cotidianamente, as tragédias ocasionadas pelas tantas guerras que o Afeganistão passou, que viveram invasões, conflitos internos, tiveram que fazer das bombas, ataques e misseis fatalidades de seus dia-a-dia. Que em baixo da burca guardavam as marcas da opressão, que eram vítimas da cultura machista em seu maior extremismo, que eram punidas pelo simples fato de serem mulheres num dos piores países do mundo para nascer uma mulher .
Mariam cresceu em uma pequena aldeia do interior, subindo em árvores, pescando, aprendendo os fazeres domésticos. Até os 15 anos, a menina vivera num "seguro" universo da infância e da pureza. A partir de então, ela começa a conhecer esse mundinho insano, estranho, e (cruelmente) real. A harami (bastarda) percebe que os tantos presentes que seu pai lhe dava quando ia a visitar uma vez por semana, fazia parte apenas de um teatro, encenação feita para comprar o seu carinho e perdão.
Laila cresceu na movimentada capital Cabul, filha de mãe autônoma e decidida, pai intelectual e mente aberta, frequentou escola - sendo aluna de uma professora com admiração pelo comunismo, cultivou amizades, fez planos para entrar na universidade, se apaixonou.
É sobre o entrelace da vida dessas duas mulheres quase antagônicas que Khaled Hosseini escreve no livro A Cidade do Sol (2007). Nas intrigantes 368 páginas, Mariam e Laila ganham vida, sob o cenário do Afeganistão. Um narração inteligente, que fisga o leitor e o faz passear com leveza por uma história complexa e fascinante.