"O importante é ser e não ter". A frase que se tornou tão batida, clichê, e julgada até de hipócrita, parece que se perdeu nos discursos socialistas: a sociedade grita ao contrário, afinal, quem não gosta da posse? Mas é preciso bater na mesma tecla a tirar a poeira do velho dizer, 'ter' é importante, sim, mas nunca pode prevalecer ao ser, e não, não é frase bonitinha pra escrever na agenda, é uma apreciação do ser humano por sua totalidade.
Nos vendem ao contrário, vitrines estampam objetos de desejo, comprar se tornou programa favorito das famílias, ou melhor, gastar. Claro que isso não é errado, eu, você, gostamos de adquirir aquilo que queremos consumir. Mas, e quando nos limitamos aos bens que possuímos? Parece que é essa a ideia que a nova propaganda do Bravo, carro da Fiat, quer passa.
"Se você anda sumido porque tem um carro que não diz nada, tá na hora de aparecer". Porque as competências, habilidade e qualidades continuam sendo coadjuvantes nessa sociedade, e um carro moderno, uma roupa padrão e uma cara maquiada são quase pré-requisitos para 'ser visto'.
Como Pitty cantou: "Eu não sou o meu carro, eu não sou meu cabelo, esse nome não sou eu, muito menos esse corpo... vou pairando livre, acima da carne e do metal. Eu possuo muitas coisas, mas nada disso me possui".